Sonda chinesa encontra minerais incomuns na superfície oculta da Lua

Descoberta pode confirmar a teoria de que o satélite natural nem sempre foi frio e morto como é hoje
Redação16/05/2019 20h53

20190516055625

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A sonda chinesa Chang’e 4, como parte da primeira missão espacial na história a pousar na fase escura da Lua, não poderia deixar de fazer descobertas sensacionais – muitas, inclusive, inesperadas. Em pesquisa publicada na prestigiada revista Nature, nesta quinta-feira (16), cientistas da Academia Chinesa de Ciências revelaram que a composição da superfície da Lua na Bacia do Polo Sul-Aitken, é um pouco diferente do que se imaginava. E isso pode confirmar postulações sobre a origem do satélite.

Uma teoria central considera que a Lua nem sempre foi tão fria e “morta” como é hoje. Pelo contrário: no princípio, ela seria uma gigante esfera de mármore derretido, repleta de oceanos de magma. Esses enormes oceanos teriam esfriado gradualmente, depositando minerais pesados como a olivina e a piroxena nas profundezas da manta lunar. Minerais menos densos flutuaram para o topo, conferindo à Lua uma série de diferentes camadas geológicas, como se fosse uma “cebola cósmica”. Além disso, a crosta lunar  é composta principalmente por silicato de alumínio ou plagioclásio.

“Compreender a composição do manto lunar é fundamental para investigar se um oceano de magma existiu, como postulado”, afirma o co-autor Li Chunlai, em comunicado à imprensa. “Também ajuda a evoluir nosso entendimento da evolução térmica e magmática da Lua”, conclui. Além disso, os estudos trazem mais informações sobre como os interiores de outros corpos planetários – incluindo a Terra – podem evoluir.

O grande achado do rover

A sonda Chang’e 4 pousou, em janeiro, na Cratera Von Kármán, que se situa no fundo da Bacia do Polo Sul-Aitken. Em seguida, ela liberou um rover, o Yutu-2, equipado com um espectrômetro que mede a luz refletida na superfície. Ao estudá-la, à medida que o robô rodava pela extensão da cratera, os cientistas conseguiram detectar minerais e determinar sua composição química. Em vez de encontrar muito plagioclásio, o robô detectou uma dominância de olivina e piroxena.

Como esses elementos são supostamente encontrados em zonas muito mais fundas da manta, os autores sugerem que eles foram liberados por um meteoro que atingiu a superfície lunar. O rover está explorando próximo à Cratera de Finser, que tem 72km de diâmetro, então os minerais podem ter sido espalhados pela superfície durante a criação da cratera.

Os anos 60 e 70 foram especiais na história da exploração humana da Lua, mas nenhum estudo da manta lunar havia sido feito antes. Isso torna a missão da China particularmente especial, apesar das enormes dificuldades de se estudar com aprofundamento um corpo planetário a centenas de milhares de quilômetros de distância. Não deixa de ser um grande pontapé inicial para analisar a composição do satélite.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital