Dias após a SpaceX, de Elon Musk, lançar 60 satélites como parte de uma missão para levar internet de banda larga a pessoas em todo o mundo, o astrônomo holandês Marco Langbroek ficou chocado com a fileira de pontos brilhantes no céu. Agora, o Observatório Lowell, em Flagstaff, Arizona, teme que o grande número satélites brilhe tanto que interfira em pesquisas que dependem de observações visuais delicadas de galáxias distantes e asteroides próximos.
A SpaceX está autorizada a lançar 11.943 satélites para sua frota Starlink, tornando-a de longe a líder em um total de quase 13.000 satélites de baixa órbita atualmente aprovados pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA, que coordena órbitas e uso de frequências de rádio.
As órbitas mais baixas oferecem menor atraso entre o envio e o recebimento de dados, em relação aos esquemas que dependem de satélites tradicionais de comunicação. Estes satélites mais antigos estão estacionados a cerca de 36.000 quilômetros acima da Terra, uma altitude que permite que fiquem “parados” sobre um ponto fixo do planeta.
Existem atualmente 1.338 satélites em órbita baixa, de acordo com um banco de dados compilado pela Union of Concerned Scientists. Já a Nasa, registrou 4.972 satélites (no total) em sua mais recente contagem de objetos ativos e desativados. Para comparação, o número de estrelas visíveis a olho nu em condições favoráveis não é muito maior do que 1.628.
Os planos para frotas de satélites de baixa altitude existem há anos, mas a percepção de que eles podem assustar observadores do céu parece nova. Musk twittou que “a Starlink não será vista por ninguém, a menos que procure bastante e terá um 0% de impacto nos avanços da astronomia” e que sua empresa vai ” garantir que o Starlink não tenha efeito material nas descobertas da astronomia”.
Astrônomos que usam radiotelescópios que dependem do espectro não visível também podem ser afetados. Eles precisarão se ajustar a um céu cheio de satélites de baixa órbita, disse Harvey Liszt, gerente de espectro do Observatório Nacional de Radioastronomia, em Charlottesville, Virgínia. A constelação orbital se comunicará via rádio, gerando um “ruído de fundo” que os astrônomos precisam levar em conta enquanto escutam sinais fracos de regiões distantes do universo.
A SpaceX respondeu que planeja elevar os satélites para orbitar a uma altitude de 550 km, em comparação com a altitude após o lançamento de 440 km. “A observação dos satélites Starlink é drasticamente reduzida à medida que aumenta sua órbita”, disse Eva Behrend, porta-voz da empresa.
Via: Bloomberg