Rochas dão indícios de campo magnético que protegia a Terra

De acordo com estudos, a Terra possuía um forte campo magnético datado de 4,2 bilhões de anos; a descoberta dividiu a comunidade científica
Luiz Nogueira21/01/2020 14h54, atualizada em 21/01/2020 15h30

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Pesquisadores descobriram evidências de que o planeta Terra tinha um forte campo magnético datado de 4,2 bilhões de anos – três quartos de bilhão de anos antes que se pensava e 350 milhões de anos após a formação da Terra.

Esse campo protegia a atmosfera terrestre de ser destruída por partículas de alta energia – e talvez tenha ajudado a vida a se estabelecer. Com poucas rochas sobreviventes para comprovar essa teoria, os geólogos lutam para reconstruir o tempo conhecido como Hadeano, que ocorreu entre 4,55 e 4 bilhões de anos atrás.

Entretanto, pistas fragmentárias podem ser encontradas em algumas rochas de pouco mais de 3 bilhões de anos em Jack Hills, na Austrália. Essas rochas contêm minúsculos cristais de um mineral resistente chamado zircão, que são lascas de algo muito mais antigo: rochas Hadeadas de 4,2 bilhões de anos que se formaram a partir do magma.

Esses cristais preservaram evidências desse antigo campo magnético, de acordo com um estudo, realizado pela equipe de geofísicos da Universidade de Rochester, liderados por John Tarduno, em Nova York. Nem todos os pesquisadores estão convencidos do resultado. Isso porque, se a hipótese for confirmada, há um atraso na data de nascimento aceita do campo magnético da Terra em 750 milhões de anos.

Foto: iStock/ tiziano valeno

Foto: campo magnético da Terra produz uma aurora quando perturbada pelo vento solar

Os cientistas apontaram que dentro dos zircões havia grãos ainda menores de um mineral contendo ferro e magnetita que, juntos, transformavam cada um dos cristais descobertos em um minúsculo ímã de barra. Foi informado também que os campos magnéticos mantidos pelos grãos estavam todos alinhados, o que ocorre apenas se a magnetita é exposta a um campo magnético enquanto esfria.

Foi determinado que esse campo surgiu 4,2 bilhões de anos atrás, quando a rocha original, contendo o zircão, esfriou pela primeira vez. No entanto, se os grãos de magnetita, em qualquer ponto de sua história, estivessem quentes o suficiente, eles teriam perdido o alinhamento magnético e ganhado um novo quando esfriassem.

Esse evento de aquecimento pode ter ocorrido há cerca de 2,6 bilhões de anos e não quando Tarduno apontou, diz Benjamim Weiss, geólogo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e líder de um grupo que contestou as alegações da equipe responsável pela descoberta recente. “Esses zircões têm histórias surpreendentemente longas e amplamente desconhecidas”, disse ele.

Atualmente, nas Actas da Academia Nacional de Ciências, a equipe de Tarduno reúne uma nova linha de evidências para mostrar que a magnetização aconteceu no período Hadeano, e não depois, como muitos geólogos apontam.

Claire Nichols, geóloga do MIT, não participou de nenhum dos estudos de Tarduno, mas recentemente argumentou que o campo magnético da Terra existe há pelo menos 3,7 bilhões de anos. Ela definiu isso após analisar rochas na Groenlândia.

As descobertas de Nichols podem ajudar a corroborar as ideias levantadas pela equipe de Tarduno. Mesmo com algumas fortes evidências, pesquisadores ao redor do mundo ainda não estão convencidos sobre essa alteração de anos no surgimento do campo magnético terrestre.

Via: Science Mag

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital