Primeira imagem real de um buraco negro é registrada por astrônomos

Esforço que durou 26 anos e custou mais de 46 milhões de euros resultou na primeira imagem oficial do misterioso objeto
Redação10/04/2019 14h22, atualizada em 10/04/2019 14h28

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Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira, 10, a primeira foto já registrada na história de um buraco negro. A imagem histórica é fruto de uma colaboração entre 200 cientistas de diversas partes do mundo, num projeto iniciado em 1993.

A imagem foi revelada junto a um estudo publicado na revista Astrophysical Journal Letters. O buraco negro mostrado na fotografia tem 40 bilhões de quilômetros de diâmetro – 3 milhões de vezes o tamanho da Terra – e está a 55 milhões de anos-luz do nosso planeta, na galáxia Messier 87.

Em outras palavras, ele é maior do que o nosso Sistema Solar inteiro e tem uma massa 6,5 bilhões de vezes a do nosso Sol. “Estimamos que seja um dos maiores que já tenham existido”, disse o professor Heino Falcke, da Universidade Radboud, na Holanda, um dos autores do experimento que revelou a fotografia, à BBC. “É absolutamente monstruoso, um campeão peso-pesado dos buracos negros do Universo.”

O círculo dourado que serve de contorno ao buraco negro na imagem – que o professor Falcke chama de “anel de fogo” – é causado pela concentração de gases superaquecidos que estão sendo sugados pelo buraco negro. É o que também se chama de “horizonte de eventos” (“event horizon”), a borda do buraco negro. A luz é mais brilhante do que todas as bilhões de estrelas na galáxia juntas – por isso ela é visível da Terra.

Buracos negros são, geralmente, o resultado da morte de uma estrela com muita massa. São regiões no espaço que concentram tanta massa, mas tanta massa, que a sua gravidade se torna inescapável. Nem mesmo a luz consegue fugir do seu centro gravitacional, tornando-o quase impossível de registrar em uma fotografia, tornando essa uma imagem histórica.

Falcke teve a ideia de registrar a primeira foto de um buraco negro quando era doutorando, em 1993. Após 20 anos tentando adquirir o financiamento para a empreitada, ele conseguiu convencer o Conselho Europeu de Pesquisa a pagar pelo projeto audacioso. Com o apoio de centros de pesquisa da Ásia e Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos, o projeto custou mais de 46 milhões de euros.

Tudo isso porque, para capturar o buraco negro numa fotografia, foram necessários oito telescópios alinhados simultaneamente ao redor do mundo. O chamado Event Horizon Telescope Array uniu quatro telescópios dos EUA, dois da Europa, um no Chile e um no Polo Sul. A imagem servirá, agora, para que cientistas aprendam mais sobre esses misteriosos objetos do espaço.

“É impressionante que a imagem que observamos seja tão semelhante àquela que obtemos de nossos cálculos teóricos”, declarou Ziri Younsi, da University College London, que colaborou com a empreitada, à BBC. “Até agora, parece que Einstein estava certo mais uma vez.”

Veja a imagem em alta resolução aqui.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital