Poeira de asteroides poderia resfriar o planeta, dizem cientistas

Estudo tem como base um evento que ocorreu há 468 milhões de anos, que pode ter sido o responsável pela explosão da vida marinha em nosso planeta
Rafael Rigues19/09/2019 12h56, atualizada em 19/09/2019 13h00

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Um estudo publicado na última quarta-feira (18) no periódico Science Advances especula que a poeira gerada pela destruição de um gigantesco asteroide pode ter sido a responsável por causar o resfriamento do planeta e gerar uma explosão na biodiversidade marinha, 468 milhões de anos atrás.

A equipe de persquisadores, liderada por Birger Schmitz, professor de geologia da Universidade de Lund, na Suécia, estima que o asteroide, batizado de “Corpo L Condrita Original”, tinha 160 Km de largura e ficava na órbita de Marte.

Sua destruição causou uma chuva de poeira e micrometeoritos que chegou à nossa atmosfera e pode ter filtrado a luz do sol, reduzindo sua intensidade. Isso reduziu a temperatura global, que por sua vez estimulou a formação de gelo nos pólos, reduzindo o nível do mar.

Como esta mudança foi gradual (ao contrário do impacto de Chicxulub, que causou a extinção dos dinossauros) a vida na terra teve tempo de se adaptar a novos nichos ecológicos, causando o Grande Evento de Biodiversificação do Ordovinciano (GEBO), quando o número de famílias de invertebrados marinhos triplicou.

A destruição do Corpo L Condrita Original está registrada em fósseis do período, ricos em micrometeoritos que apontam para uma origem comum. Segundo os pesquisadores, o evento causou um aumento de mais de 1.000 vezes na quantidade de poeira espacial chegando à Terra, que teria durado pelo menos 2 milhões de anos.

Outro fator que pode ter contribuído para a GEBO teria sido a grande quantidade de ferro trazida à nossa atmosfera pela poeira e micrometeoritos, que teria agido como um “fertilizante” para a vida marinha.

O estudo especula que poderíamos criar um efeito parecido e reverter a tendência atual de aquecimento global ancorando um asteroide no Ponto de Lagrange L1, uma região do espaço a mais de 1,6 milhões de KM da Terra onde ele ficaria ‘estático’ em relação à Terra e ao Sol. A poeira vinda deste asteroide atingiria nosso planeta, causando um efeito de ‘resfriamento‘ na atmosfera.

No momento, claro, não temos tecnologia para isso. Mas considerando que asteroides já foram implicados em vários eventos catastróficos, é interessante considerar o papel que eles tiveram ao estimular, e podem ter ao ajudar a preservar, a vida na Terra.

Fonte: Vice

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital