Pesquisadores detectam atividade geológica na Lua

Cumes descobertos de uma cordilheira no lado mais próximo da Lua evidenciam uma movimentação tectônica que pode ter iniciado há bilhões de anos
Renato Mota04/05/2020 18h17

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Um sistema de cordilheiras espalhadas pelo lado mais próximo da Lua, coberto com pedras recém-expostas, é a prova de que o satélite ainda passa por processos tectônicos ativos, dizem os pesquisadores. A formação é, possivelmente, o eco de um impacto ocorrido há muito tempo e que quase destruiu a Lua.

“Existe a suposição de que a Lua está morta, mas continuamos descobrindo que esse não é o caso”, afirma Peter Schultz, professor do Departamento de Ciências Ambientais e Planetárias da Universidade Brown e coautor da pesquisa, publicada na revista Geology. “A Lua ainda pode estar rangendo e rachando – potencialmente atualmente – e podemos ver as evidências sobre esses cumes”.

A principal evidência é a ausência de regolito na cobertura dessas rochas. A Lua inteira é coberta por uma camada de regolito lunar – uma espécie de poeira heterogênea que inclui poeira, solo e rocha quebradas – que pode chegar a 40 metros. As áreas livres desse material são raríssimas, e foram encontradas medindo-se a temperatura da superfície de Lua.

As rochas expostas e as superfícies irregulares na Lua permanecem mais quentes durante a noite lunar do que as superfícies cobertas por regolitos. Usando observações noturnas de satélites, os pesquisadores encontraram mais de 500 manchas de rochas expostas em cumes estreitos, como numa cordilheira.

Brown University/Reprodução

Brown University/Reprodução

“Os blocos expostos na superfície têm uma vida útil relativamente curta, porque o acúmulo de regolitos está acontecendo constantemente”, explica Schultz. “Então é preciso haver uma explicação de como e por que eles foram expostos em determinados locais”. As cordilheiras mais ativas estão relacionadas a um sistema misterioso de características tectônicas. “Isso nos faz pensar que o que estamos vendo é um processo contínuo impulsionado por coisas que acontecem no interior da Lua”, completa o pesquisador.

O estudo sugere que os cumes ainda estão subindo. O movimento ascendente quebra a superfície e permite que o regolito caia em rachaduras, deixando os blocos expostos. Como essas manchas na Lua são cobertas rapidamente, essa rachadura deve ser bem recente, possivelmente até em andamento hoje, e teria origem em um impacto massivo ocorrido há bilhões no lado oposto da Lua.

“Parece que os cumes responderam a algo que aconteceu 4,3 bilhões de anos atrás”, disse Schultz. “Impactos gigantescos têm efeitos duradouros. A Lua tem uma memória longa. O que estamos vendo hoje na superfície é um testemunho de sua longa memória e segredos que ainda guarda”, completa.

Via: Space.com/Brown University

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital