Pequeno telescópio detecta planeta mais inabitável já encontrado pelo ser humano

Gigante gasoso tem temperaturas tão extremas que deixa rastro com moléculas de hidrogênio por onde passa; pesquisadores estudam os equipamentos utilizados na descoberta para aprender mais sobre ele
Redação28/01/2020 00h10

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Pequenos telescópios detectaram o planeta mais inabitável já encontrado pelo ser humano e pesquisadores estão utilizando um equipamento veterano da Nasa para aprender mais sobre ele. Chamado de KELT-9b, o gigante gasoso é semelhante a Júpiter, mas é tão quente que parece despejar lágrimas de hidrogênio conforme orbita sua – também escaldante – estrela.

Se os dias de calor na Terra já são bem quentes, então o clima no KELT-9b é insuportável – pelo menos para a raça humana. Por lá, a temperatura bate mais de 2.282 °C na face oposta à estrela hospedeira e impressionantes 4.315 °C do lado “diurno”. As moléculas de hidrogênio, que criam uma espécie de rastro do exoplaneta, só são capazes de se recuperar quando chegam ao lado “noturno” do KELT-9b.

Para se ter uma ideia, até mesmo a face “noturna” é tão quente que consegue ultrapassar, com folga, a temperatura de certas estrelas – a Estrela de Barnard, uma anã vermelha com 1.723 °C, é um bom exemplo disso. Não à toa, vapores de ferro e titânio foram encontrados na atmosfera do planeta, algo típico, justamente, das estrelas.

“Esse tipo de planeta é tão extremo em temperatura que é um pouco separado de muitos outros exoplanetas”, disse Megan Mansfield, pesquisadora da Universidade de Chicago e uma das principais autoras do estudo acerca do KELT-9b. Mas o gigante gasoso não é o único: ainda que nenhum planeta seja tão quente quanto ele, existem outros ‘Júpiteres’ quentes e ultra quentes espalhados pelo Universo.

O planeta leva o nome de KELT-9b porque foi encontrado pelo Kilodegree Extremely Little Telescope (KELT), um sistema de observação astronômico formado por dois pequenos telescópios que buscam exoplanetas na órbita de estrelas brilhantes. No entanto, para os estudos da Universidade de Chicago, o equipamento utilizado é o telescópio Spitzer, da Nasa. A partir do Spitzer é possível utilizar luz infravermelha para medir até as variações mais sutis de temperatura durante horas e mais horas de observação.

Apesar de ser três vezes maior que Júpiter, o KELT-9b possui apenas metade da densidade do nosso maior vizinho. Além disso, o KELT-9b fica 30 vezes mais perto da KELT-9, sua estrela hospedeira, do que a Terra fica do Sol. Isso pode explicar as temperaturas extremas, já que a superfície da KELT-9 tem 9.726 °C, quase o dobro do calor do Sol. Ainda a título de comparação, Vênus, o planeta mais quente do Sistema Solar, tem míseros 462 °C, apenas 11% da temperatura mais alta do KELT-9b.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital