Pegue carona na Apollo 16 e dê uma volta pela Lua, em Ultra HD

Novos algoritmos de processamento de imagem, baseados em inteligência artificial, permitem processar os vídeos gravados na Lua durante as missões Apollo em qualidade nunca vista antes
Rafael Rigues20/07/2020 13h11, atualizada em 20/07/2020 13h14

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Ao longo de três anos e seis missões, da Apollo 11 de 1969 à Apollo 17 de 1972, 12 homens andaram na superfície da Lua, e lá gravaram centenas de horas de vídeo detalhando todos os aspectos de suas missões.

Devido à tecnologia da época, a qualidade destas imagens não é das melhores. Elas foram gravadas em filme 16 mm, com taxas de quadros (framerate) variável de acordo com a importância da cena sendo registrada, de 1 a 12 quadros por segundo (FPS). Isso era feito para economizar filme e maximizar o tempo de gravação.

Mas graças a novas técnicas de processamento de imagem baseadas em inteligência artificial, hoje é possível transformar os vídeos originais em versões dignas das TVs e equipamentos modernos, com resolução 4K a 60 quadros por segundo e nitidez excepcional, como no clipe abaixo, gravado durante a missão Apollo 16.

Um passeio de “jipe lunar” durante a missão Apollo 16.

Ele foi gerado pelo YouTuber DutchSteamMachine, usando um algoritmo de código aberto chamado Depth Aware Video Frame Interpolation (DAIN). “As pessoas usam os mesmos programas de IA para trazer à vida vídeos de 1900, em alta-definição e à cores”, disse ele. “Esta me pareceu uma ótima técnica para aplicar a clipes muito mais novos”.

O ponto de partida são versões em alta-definição (720p) dos vídeos, produzidas pela Nasa escaneando os negativos originais com equipamento moderno. Os quadros da imagem são extraídos e convertidos para arquivos PNG. Estes são fornecidos ao DAIN, além da taxa de quadros original e um fator de interpolação.

Os primeiros passos de Neil Armstrong na superfície da Lua, vistos de dentro do módulo lunar.

Suponha que o vídeo original tenha sido gravado a 12 FPS, e o fator de interpolação desejado seja 5x. Isso significa que o algoritmo irá analisar cada quadro original da imagem e produzir cinco intermediários (os quadros interpolados) entre ele e o quadro seguinte. O resultado serão 60 quadros por segundo, 12 quadros originais e 48 quadros interpolados.

Esse não é um processo rápido: segundo o youtuber, dependo da complexidade do vídeo um clipe de 5 minutos pode levar de seis a 20 horas para ficar pronto. As imagens resultantes recebem correção de cor e são sincronizadas com o áudio original da missão, resultando em um clipe pronto para ir ao YouTube.

Cenas da missão Apollo 14. Imagens a cores começam aos 5 minutos no vídeo.

O que motiva DutchSteamMachine a ter essa trabalheira toda é a reação dos espectadores. “Quando as pessoas comentam coisas como ‘uau, isso é incrível! Nunca vi isso antes!’ isso me motiva”, diz. “Pretendo melhorar um monte de vídeos da Apollo”, afirma. “Muito mais clipes históricos e relacionados à exploração do espaço serão publicados continuamente em meu canal”.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital