Detectar buracos negros não é nada fácil. Eles têm um campo gravitacional tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar deles. E se nenhuma luz sai dali, nenhuma luz chega deles até nós, o que significa que não é possível vê-los (por isso, aliás, eles se chamam buracos negros). Mas cientistas da Universidade de Waterloo descobriram recentemente uma maneira de encontrá-los com muito mais precisão.
Graças a essa nova técnica, os pesquisadores acreditam ser capazes de descobrir uma média de dez novos buracos negros por ano, de acordo com o artigo científico publicado pelos cientistas. Caso essa média seja cumprida, o método permitirá que a comunidade científica dobre o número de buracos negros conhecidos ao longo dos próximos dois anos.
O método proposto pelos cientistas combina duas técnicas extremamente avançadas de detecção de objetos espaciais: “microlensing” e interferometria de ondas de rádio. Os nomes podem ser complexos, mas é possível explicar o processo de maneira relativamente simples.
Como encontrar gigantes invisíveis
Quando a luz passa perto de um objeto de massa muito grande (como um buraco negro), ela não vai reto: a gravidade do objeto faz com que ela se curve. Telescópios científicos conseguem perceber a curvatura da luz e, com isso, dar pistas sobre a existência de objetos de grande massa em determinados locais do universo. Esse procedimento recebe o nome de “microlensing” óptico, já que estuda a curvatura das ondas eletromagnéticas do espectro visível.
No entanto, a quantidade de informação que pode ser extraída dessas ondas eletromagnéticas é relativamente pequena. É aí que entra a interferometria de ondas de rádio. Em vez de analisar a curvatura das ondas ópticas, a equipe da Universidade de Waterloo propõe que se estude a curvatura das ondas de rádio, que pertencem a outra parte do espectro eletromagnético. Elas podem ser analisadas com radiotelescópios, que oferecem muito mais informações aos pesquisadores.
Também com essa técnica, astrônomos poderão tirar diversas “radiofotografias” de setores do universo e analisar como eles mudam com o tempo. Os dados obtidos dessa análise poderão fornecer informações sobre a massa dos buracos negros próximos, sua distância da Terra e a velocidade com a qual eles estão se deslocando.
Importância
Com essa nova técnica, ao longo dos próximos dez anos, os pesquisadores esperam poder coletar dados suficientes sobre os buracos negros para ser capazes de estudá-los enquanto população. Em outras palavras: conforme nosso conhecimento sobre buracos negros aumentar, nos tornaremos capazes de aplicar métodos estatísticos mais avançados a eles para prever seu comportamento.
Embora saibamos ainda muito pouco sobre o que acontece dentro de buracos negros, já sabemos que eles são uma parte essencial dos ciclos de vida das estrelas. São eles, também, os responsáveis por regular o crescimento das galáxias, por conta de seus enormes campos gravitacionais. Saber mais sobre eles, portanto, poderá nos dar informações muito valiosas sobre a história do universo.