Os sistemas de comunicação espacial baseados em radiofrequência têm sido úteis à Nasa há décadas, mas não o suficiente. Buscando desenvolver tecnologias que confiram mais velocidade e eficiência às transmissões de dados do espaço profundo para a Terra (e vice-versa), a agência está trabalhando em soluções de comunicação óptica, utilizando laser infravermelho para enviar e receber arquivos a longas distâncias.

A estação terrestre de última geração Optical Ground Station 2 (OGS-2), concluída recentemente, faz parte dessas soluções. Semelhante a um capacete gigantesco, a estação é na verdade um telescópio óptico arquitetado para receber os feixes de laser provenientes do espaço. Desta forma, futuras sondas enviadas à órbita de Marte, por exemplo, poderão transmitir imagens e vídeos em alta qualidade à Terra em questão de segundos, desde que possuam sistemas capazes de emitir raios laser. 

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Cúpula do telescópio óptico OGS-2. Imagem: Reprodução/Nasa 

Estudos aprimorados

A tecnologia do OGS-2 pode ter impactos significativos para o conhecimento do sistema solar no futuro. Graças ao aumento das taxas de dados transmissíveis proporcionado pelo uso de laser, os cientistas terão acesso a informações aprimoradas do universo, o que abre caminho para descobertas empolgantes.

“Esse salto tecnológico pode permitir o envio de vídeos em alta resolução de espaçonaves distantes no sistema solar, permitindo que os pesquisadores façam estudos detalhados das condições em outros planetas, da mesma forma como agora rastreamos furacões e outras mudanças ambientais aqui na Terra”, afirma a Nasa em comunicado.

Contudo, esse tipo de comunicação também apresenta limitações. Em condições atmosféricas desfavoráveis, como tempestades ou dias nublados, os feixes infravermelhos dificilmente chegariam com sucesso ao terminal terrestre.

Por isso, o OGS-2 foi localizado estrategicamente no Havaí, onde é raro que o céu fique fechado. Ainda assim, a possibilidade de haver mau tempo foi considerada. Nesse caso, a previsão é que os serviços sejam transferidos ao OGS-1, uma espécie de “estação reserva” localizada na Califórnia.

Missão LCRD

Os avanços do sistema de comunicação óptica serão demonstrados pela missão Laser Communications Relay Demonstration (LCRD), responsável por testar a viabilidade desse recurso para a transmissão de dados no espaço profundo. 

Com lançamento previsto para o início de 2021, a missão usará lasers para codificar e transmitir dados em taxas de 10 a 100 vezes melhores do que os atuais sistemas de rádio, e utilizando taxas bem menores de energia. 

Em 2013, um experimento parecido foi conduzido na Lua. Na ocasião, a Nasa testou a comunicação óptica por algumas horas no nosso satélite natural, obtendo resultados animadores. Agora, a agência planeja dar passos mais largos em direção à implementação do sistema, sonhando com o dia em que será possível conversar por vídeo com astronautas em Marte — em resolução talvez maior do que a observada nas chamadas do WhatsApp que fazemos na Terra. 

Via: Phys.org