Enquanto se prepara para sua missão em Marte, o rover Perseverance, da Nasa, passou por testes sul da Austrália – especialmente suas ferramentas e métodos que buscarão evidências de formas de vida microbianas.

“Os Montes Flinders são o local perfeito para fazer muitas pesquisas relacionadas a Marte, porque é uma área seca, empoeirada e com muito vento, que é muito árida e, portanto, um bom análogo para procurar vida em Marte“, afirma a astrobióloga Bonnie Teece, da Universidade de Nova Gales do Sul em Sydney.

Em um artigo publicado na revista Astrobiology, Teece conta como replicou os métodos que o Perseverance Rover usará para selecionar rochas marcianas para análise de biomarcadores – moléculas que ocorrem naturalmente indicando evidências de vida microbiana.

Na Austrália, os pesquisadores buscaram por indícios de vida antiga na Terra, analisando diferentes linhas de evidência. “Se você trabalha só com uma linha de evidência, ela pode não ser realmente real – pode ser um artefato contaminado ou pode parecer vida, mas não é”, conta Teece. “Por isso que é tão importante que o rover tenha uma carga útil diversificada de instrumentos que possam investigar e sondar sedimentos de diferentes maneiras em Marte para procurar os melhores candidatos para a vida”.

A missão está programada para lançamento entre julho e agosto, quando a Terra e Marte estiverem em boas posições entre si para a viagem. Perseverance é um semiautônomo que irá explorar a Cratera Jezero com instrumentos de alta tecnologia para ajudar a identificar rochas no Planeta Vermelho.

Suas câmeras Mastcam-Z possuem um recurso de zoom de última geração que ajudará a missão a converter imagens em 3D mais facilmente. O rover também é equipado com o PIXL, um instrumento que utiliza raios X para revelar a composição elementar de amostras visíveis a olho nu. E, completando as ferramentas de análise, está o Sherloc, cujo principal objetivo é detectar compostos orgânicos varrendo o ambiente usando espectroscopia.

Imitando esses instrumentos, a equipe de Teece foi capaz de identificar quais amostras foram as que sofreram mais degradação e quais seriam menos propensas a preservar esses produtos orgânicos. Os pesquisadores usaram ferramentas análogas para identificar as rochas no terreno de da região de Flinders que depois coletaram manualmente.

Simplesmente olhando as amostras, em conjunto com o mapeamento elementar e alguns resultados orgânicos, a equipe conseguiu reunir uma descrição abrangente dos ambientes em que os fósseis estavam. “O uso da mesma tecnologia a bordo do Perseverance pode levar a resultados positivos na busca por sinais de vida microbiana”, acredita a astrobióloga.

Via: Phys.org