SpaceX irá substituir dois propulsores em sua próxima missão tripulada

Dois dos nove Merlin 1D usados no Falcon 9 que lançará a Crew-1 tem um bloqueio em válvulas, que poderia levar a injeção de fluidos na sequência errada e uma 'ignição dura'.
Rafael Rigues29/10/2020 14h45, atualizada em 29/10/2020 14h47

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A SpaceX anunciou nesta quarta-feira (28) que irá substituir dois dos nove propulsores Merlin 1D usados no foguete Falcon 9 que lançará sua próxima missão tripulada ao espaço, a Crew-1, em 14 de novembro.

A troca é devido a uma anomalia detectada durante uma tentativa de lançamento de um satélite GPS para o governo dos EUA em 2 de outubro. Naquela data, sensores a bordo de outro Falcon 9 detectaram leituras “fora do normal” em dois propulsores, abortando a missão dois segundos antes da decolagem.

Segundo Hans Koenigsmann, vice-presidente encarregado de confiabilidade de voo na SpaceX, uma análise posterior revelou que a falha foi causada por resíduos de um “verniz protetor” que é aplicado a partes sensíveis dos propulsores durante um tratamento de anodização anti-corrosiva.

A empresa responsável pelo tratamento não removeu todo o verniz após a conclusão do processo, e parte dele bloqueou pequenos orifícios de ventilação, com 1,6 milímetros de diâmetro, nas válvulas de dois dos propulsores Merlin 1D usados no foguete.

Reprodução

Os nove propulsores Merlin 1D de um Falcon 9. Foto: SpaceX / CC-BY-NC 2.0

Após uma análise de outros propulsores tratados da mesma forma, a SpaceX detectou o problema em dois dos Merlin 1D que seriam usados no lançamento da Crew-1, e em um dos que seriam usados no lançamento do satélite de observação terrestre Sentinel-6 para o governo dos EUA, programado para 10 de novembro.

Por precaução, a SpaceX está substituindo os motores afetados por outros livres de resíduos. Foi por este motivo que a empresa adiou o lançamento da Crew-1, que originalmente estava programado para este sábado.

Segundo Koenigsmann, a investigação resultou em “uma boa resolução da anomalia que, em minha opinião, nos dará um melhor propulsor e melhor veículo”. O executivo afirma que a falha não era necessariamente grave, mas ela poderia causar uma “ignição dura” (hard start), causada pela injeção de fluidos como oxigênio líquido e querosene nos propulsores na sequência errada.

“Geralmente, isso chacoalha o motor, e pode causar um pouco de dano. Mas em casos extremos, pode causar danos maiores”, completou.

Fonte: Space.com

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital