Um telescópio espacial experimental chamado Asteria demonstrou com sucesso que, na astronomia, tamanho não é documento. Medindo apenas 10 × 10 × 30 cm e pesando 10 kg, ele se tornou o menor “caçador de planetas” da história. Criado por uma parceria entre o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa e lançado pela Estação Espacial Internacional (ISS) no final de 2017, ele foi destruído ao reentrar na atmosfera em abril deste ano.
A missão do Asteria (Arcsecond Space Telescope Enabling Research In Astrophysics, ou Telescópio Espacial de Arco-Segundo Possibilitando Pesquisa em Astrofísica) era comprovar que um equipamento tão pequeno seria capaz de realizar o mesmo tipo de detecção para o qual são normalmente usados telescópios muito maiores, como o Hubble ou o James Webb.
Para isso os cientistas o apontaram para 55 Cancri A, uma estrela a 40 anos-luz de nós que tem cinco exoplanetas em sua órbita. E após meses de observação o telescópio conseguiu detectar a passagem de 55 Cancri E, quarto planeta do sistema, uma “super Terra” com o dobro do tamanho de nosso lar.
A detecção foi feita pelo método de trânsito: Asteria manteve a estrela em sua “mira” e monitorou sua luminosidade durante um período de tempo. Quanto o planeta passou entre o telescópio e a estrela causou uma redução de 0,04% no brilho dela, suficiente para que fosse detectado.
A temperatura da superfície de 55 Cancri E é estimada em 2.000 ºC, devido à sua proximidade da estrela. Cientistas estimam que ele tenha rios de lava em sua superfície e que sua pressão interior seja tão alta que ele tenha grandes quantidades de diamantes em seu núcleo.
Pequenos telescópios como o Asteria, com seu espelho de meros 6 cm de diâmetro, nunca irão substituir os grandes telescópios como o Hubble, com seu espelho de 2,4 metros, ou o James Webb, com 6,5 metros, capazes de analisar várias estrelas ao mesmo tempo. Mas são muito menores, mais baratos e mais versáteis, e no futuro podem servir como “auxiliares” dos telescópios maiores, monitorando estrelas de potencial interesse e liberando eles para outras pesquisas.
“Descobrimos tantas coisas que pequenos satélites futuros poderão fazer melhor porque demonstramos a tecnologia e suas possibilidades”, disse Akshata Krishnamurthy, co-investigador e co-líder de análise de dados científicos do Asteria no JPL. “Acredito que abrimos portas”, disse.
Fonte: Forbes