O rover Perseverance, que partiu rumo a Marte nesta quinta-feira (30), leva consigo cinco fragmentos de trajes espaciais da Nasa. Enquanto o robô estiver explorando a cratera Jezero, uma pequena ferramenta chamada Sherloc ficará responsável por analisar como os diferentes tipos de tecido reagirão à atmosfera do planeta vermelho. 

O objetivo é ajudar a designer de trajes Amy Ross a descobrir a melhor maneira de vestir seres humanos em futuras missões ao planeta. “Em Marte, a radiação decompõe a composição química dos materiais, enfraquecendo-os”, ela explica. “Queremos descobrir se precisaremos desenvolver novos tecidos ou se esses resistirão”. 

Amy explica também que os fragmentos enviados fazem parte da camada externa dos trajes, pois é onde incide maior radiação. 

amy-ross.jpg

Amy Ross e um protótipo de traje espacial. Imagem: Reprodução/Nasa

Estes serão os materiais cuja degradação será analisada pela ferramenta Sherloc: 

  • Policarbonato, um tipo de plástico utilizado em capacetes 
  • Vectran, uma fibra resistente ao corte presente nas luvas dos trajes espaciais
  • Teflon com e sem revestimento anti-poeira, também utilizado na fabricação das luvas
  • E “ortho”, um tecido fabricado a partir da junção de Gore-Tex e Kevlar, têxteis utilizados em trajes de bombeiro e coletes à prova de bala, respectivamente. 

Sherloc

Sherloc é a sigla em inglês para “Digitalização de Ambientes Habitáveis ​​com Raman e Luminescência para Materiais Orgânicos e Químicos”. Raman é uma técnica de espectroscopia desenvolvida pelo físico indiano C.V. Raman. Ela consiste em analisar a composição química de uma amostra por meio de sua interação com um feixe de luz monocromática.

Um laser ultravioleta presente no Sherloc permitirá à equipe identificar as mudanças ocorridas na superfície dos tecidos com o passar do tempo. 

imagem-sherloc.jpg

Exemplo de imagem capturada pelo Sherloc. Cada cor representa um tipo de componente químico na amostra. Imagem: Reprodução/Nasa

Antes de enviar astronautas a Marte, a Nasa pretende testar sua capacidade tecnológica retornando à Lua. De acordo com Amy, as informações obtidas no planeta vermelho permitirão também o desenvolvimento de novos trajes para a Lua, uma vez que os dois ambientes apresentam alguns desafios em comum. Entre as similaridades, estão a baixa pressão e a poeira às quais os materiais ficarão expostos.

“Os trajes espaciais de Marte serão mais parecidos com os usados na Lua do que com os da Estação Espacial Internacional. Estou tentando fazê-los tão parecidos quanto for possível”, completa ela. 

Via: Futurism