Projeto de espaçonave usa rotação para simular gravidade

Sugestão de design de habitat orbital feita por engenheiros aeroespaciais de uma universidade dos EUA tem um raio de 56 metros e pode abrigar até oito mil pessoas vivendo no espaço
Renato Mota22/09/2020 17h08

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No filme “2001: Uma Odisseia no Espaço“, os astronautas fazem uma caminhada a bordo da espaçonave com destino à Júpiter, como forma de exercício. A área comum do veículo tem o formato de um donuts que gira para simular a gravidade da Terra. No livro “Encontro com Rama”, de Arthur C. Clark, essa ideia é levada ainda mais além: a enorme espaçonave tem o formato de cilindro e gira para que uma cidade inteira possa ter a sensação de gravidade numa espécie de Arca de Noé espacial.

O conceito de construir espaçonaves e habitats orbitais com gravidade simulada não é novo, e para muitos cientistas é a solução para que os seres humanos possam explorar o espaço profundo com um menor impacto na sua saúde. A exposição de longo prazo à falta de gravidade destrói os corpos dos viajantes espaciais, causando desde problemas de visão até perda de densidade óssea.

Em um novo estudo, engenheiros aeroespaciais da Texas A&M University projetaram um habitat orbital, que, segundo eles, pode hospedar até oito mil pessoas. O projeto foi apresentado em um artigo publicado na revista científica Aerospace Science and Technology.

A ideia é que a estação espacial possa servir de moradia para pessoas comuns, e não apenas astronautas treinados. O habitat foi projetado especificamente para criar a atração gravitacional mais realista possível, e adota o formato de cilindro concêntrico – como a nave de “Encontro com Rama”. Os pesquisadores calcularam raio correto em torno do qual a espaçonave precisaria girar para garantir que a cabeça e os pés de uma pessoa não experimentariam diferentes impulsos gravitacionais que podem resultar em náuseas severas.

Qualquer velocidade rotacional de mais de 4 RPM também induziria enjoo. Chegando a um denominador comum entre o limite máximo da velocidade de rotação e o limite mínimo do raio de rotação, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a nave deve ter um raio de 56 metros – quase tão alto quanto a Torre Inclinada de Pisa.

Justin Baetge / Texas A&M Engineering

Um modelo impresso em 3D do habitat espacial. Imagem: Justin Baetge/Texas A&M Engineering

Os engenheiros também projetaram escudos para proteger os habitantes da radiação cósmica, que diferente do que aconteceu com os membros do Quarteto Fantástico, não dará superpoderes aos exploradores espaciais, muito pelo contrário. Todo o habitat seria selado com uma camada externa de água e rocha de cinco metros de espessura – o que por outro lado, faria com que a espaçonave não tivesse janelas.

A parte externa do habitat cilíndrico sugerido pelos pesquisadores é toda coberta com painéis solares para fornecer energia à estação espacial. A composição do escudo protetor foi selecionada principalmente com base no fácil acesso aos materiais – rocha e água estão disponíveis em abundância em asteroides ou na Lua.

Além de proteger contra raios cósmicos, o escudo auxilia o sistema de suporte de vida dissipando a energia térmica da estrutura do habitat. Um extenso “radiador” mantem a temperatura interna da nave em 27°C, que pode ser agradável para humanos e para as plantas cultivadas no espaço, que servirão de alimentação para os viajantes. As fazendas do habitat seriam colocadas em cada extremidade do cilindro em uma forma cônica e cobertas por um teto de vidro transparente.

Via: Universe Today

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital