Pesquisadores desenvolvem painel ‘anti-solar’ que gera energia à noite

Técnica explora a diferença de temperatura entre o espaço e o solo e pode produzir, durante a noite, 25% da energia produzida por um painel solar durante o dia
Rafael Rigues03/02/2020 15h28

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Painés solares são uma forma de produzir energia limpa, que não depende de combustíveis fósseis. Mas tem limitações, como a incapacidade de produzir energia à noite. Isso significa que temos que desenvolver formas de armazenar energia excedente produzida durante o dia para usá-la quando não há geração.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis detalharam em um novo artigo que acabou de ser publicado na revista ACS Photonics um método para criar um “painel solar” capaz de gerar energia à noite: basta criar algo que funcione exatamente da maneira oposta à forma como os painéis solares funcionam durante o dia. O projeto está sendo chamado de “painel anti-solar”.

Basta se lembrar da física: “todo sistema tende ao equilíbrio”. Os painéis solares são frios em comparação com o Sol, portanto absorvem a luz solar e a transformam em energia. Por outro lado, durante a noite o espaço é mais frio que o solo, e se você apontar um painel relativamente ‘quente’ para ele, esse calor será irradiado como luz infravermelha invisível. Isso permite gerar eletricidade capturando essa energia. O jornal afirma que esse dispositivo pode gerar à noite cerca de um quarto da eletricidade que um painel solar normal gera durante o dia.

Jeremy Munday, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da UC Davis, autor do artigo, diz ao site Inverse que, seja um painel solar ou um painel anti-solar, ambos são essencialmente apenas “motores de calor”.

“Você tem energia térmica vinda do Sol em direção à Terra e a célula solar capta essa energia. Basicamente você precisa de dois corpos com temperaturas diferentes e de alguma maneira de converter essa energia em trânsito entre eles”, afirmou Munday.

“O que nosso dispositivo faz é similar – estamos usando um corpo quente e um corpo frio – mas agora o corpo quente é a Terra e o espaço é o corpo frio. À medida que esse calor flui da Terra para espaço sideral, ele é captado e convertido em energia”.

Esse tipo de dispositivo usa o que é chamado de célula termorradiativa para gerar eletricidade, em oposição à célula fotovoltaica usada por um painel solar convencional. Um painel solar é tipicamente feito de silício, que é bom para capturar luz no espectro visível, mas o novo dispositivo precisaria ser feito de algo que possa capturar luz com comprimento de onda extremamente longo.

A equipe de Munday está analisando ligas de mercúrio que seriam boas para isso, e atualmente trabalhando no desenvolvimento de protótipos para ver quão bem o conceito funciona na prática.

Fonte: Inverse

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital