Pesquisa traz detalhes da ‘Terra’ que orbita estrela mais próxima

A apenas 4,2 anos-luz de distância, orbitando a estrela Proxima Centauri, o exoplaneta Proxima b tem quase o mesmo tamanho da Terra, e está em uma zona habitável
Renato Mota28/05/2020 21h47

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Pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE) utilizaram o espectrógrafo Espresso para obter mais detalhes do exoplaneta Proxima b, que orbita a estrela mais próxima do Sistema Solar, Proxima Centauri, a apenas 4,2 anos-luz.

A existência desse planeta, que tem um tamanho bem próximo ao da Terra, e está na zona habitável do seu sistema, foi confirmada em 2016. Mas utilizando os instrumentos mais modernos, os astrônomos puderam observar melhor nosso vizinho, e confirmar ou corrigir alguns dados sobre o planeta.

Proxima b tem uma massa de 1,17 vezes terrestre (a estimativa anterior era de 1,3) e leva apenas 11,2 dias para dar uma volta completa em sua estrela. Apesar da proximidade (20 menor do que a distância entre a Terra e o Sol), o planeta possui temperatura adequada para a presença de água líquida, já que Proxima Centauri é mais fria que nossa estrela.

O espectrógrafo realizou medições de velocidade radial em Proxima Centauri com uma precisão de 30 centímetros por segundo – três vezes mais preciso do que os dados obtidos com o Harps – o mesmo tipo de instrumento, mas da geração anterior.

Ilustração mostra o planeta Proxima b orbitando a estrela anã vermelha Proxima Centauri. Imagem: ESO/M. Kornmesser

“Nós já estávamos muito felizes com o desempenho do Harps, responsável por descobrir centenas de exoplanetas nos últimos 17 anos”, afirma Francesco Pepe, professor do Departamento de Astronomia da Faculdade de Ciências da UNIGE. “E estamos realmente satisfeitos que o Espresso possa produzir medições ainda melhores”, completa.

Apesar das suas características próximas às da Terra, Proxima b ainda apresenta alguns desafios para ser um bom candidato a possuir vida extraterrestre. Como Proxima Centauri é uma anã vermelha, a estrela bombardeia o planeta com raios X numa proporção 400 vezes maior do que a Terra.

“Existe uma atmosfera que protege o planeta desses raios mortais?”, questiona o pesquisador Christophe Lovis, do Departamento de Astronomia da UNIGE. “E se essa atmosfera existir, ela contém os elementos químicos que promovem o desenvolvimento da vida (oxigênio, por exemplo)? Há quanto tempo essas condições favoráveis ​​existem? Vamos abordar todas essas questões”, garante o especialista.

As medições feitas pela Espresso ainda podem ajudar em outra questão. A equipe encontrou evidências de um segundo sinal nos dados, sem poder estabelecer a causa definitiva por trás deles. “Se o sinal fosse de origem planetária, esse potencial outro planeta que acompanha Proxima b teria uma massa inferior a um terço da massa da Terra, fazendo dele o menor exoplaneta já medido usando este método”, acrescenta o Francesco Pepe.

Via: UNIGE

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital