Você tem uma ligação com as estrelas mais íntima do que imagina. Como disse o astrônomo Carl Sagan em seu livro Cosmos: “o nitrogênio em nosso DNA, o cálcio em nossos dentes, o ferro em nosso sangue e o carbono em nossas tortas de maçã foram produzidos no interior de estrelas em colapso. Nós somos feitos de material estelar”.

Agora, uma equipe composta por 67 pesquisadores de 15 países conseguiu pela primeira vez observar como uma supernova, a explosão do núcleo de uma estrela no final de sua vida, espalha um destes elementos, o cálcio, pelo universo.

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Segundo os pesquisadores as supernovas ricas em cálcio, que são raras, começam quando estrelas compactas perdem massa rapidamente no fim de suas vidas, emitindo uma camada exterior de gás com a qual colidem materiais em explosão.

O estudo foi baseado em observações da supernova SN 2019ehk, descoberta em 29 de abril deste ano na galáxia espiral Messier 100. Os cientistas observaram uma grande abundância de raios-X de alta energia saindo da estrela e atingindo a camada de gás, o que lhes deu pistas sobre quais materiais estavam sendo expelidos e em que quantidade.

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As leituras apontaram que reações entre os materiais expelidos e a camada de gás estavam produzindo temperaturas incrivelmente elevadas e alta pressão, o que levou a uma reação nuclear que produz cálcio, enquanto a estrela tenta se desfazer de seu calor e energia o mais rápido possível.

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“A maioria das estrelas massivas produz pequenas quantidades de cálcio durante suas vidas, mas eventos como SN 2019ehk parecem ser responsáveis por produzir grandes quantidades de cálcio, e durante o processo de explosão o dispersam pelo espaço interestelar nas galáxias”, disse o astrônomo Régis Cartier, do National Optical-Infrared Astronomy Research Laboratory nos EUA.

“Eventualmente, este cálcio chega a sistemas planetários em formação, e no caso da Terra aos nossos corpos”, afirma. A explosão de SN 2019ehk causou a maior emissão de cálcio já observada em um único evento astronômico.

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“Antes deste evento, tínhamos informações indiretas sobre como uma supernova rica em cálcio poderia ou não ser”, diz a astrofísica Raffaella Margutti, da Northwestern University nos EUA. “Agora, podemos com confiança descartar várias hipóteses”.

Fonte: Science Alert