Na última terça-feira (28 de abril), enquanto o mundo estava de olho no asteroide 1998 OR2, outra rocha muito menor passou “raspando” por nós a uma distância de 36 mil km, quase a mesma de alguns satélites geoestacionários.
O evento foi uma boa demonstração de como nosso sistema de defesa planetária (sim, temos um) funciona. Logo após a detecção do asteroide, observatórios do mundo todo se uniram para determinar sua órbita, tamanho, velocidade e probabilidade de impacto com a Terra.
Tudo começou em 27 de abril, quando o observatório Pan-STARRS no Havaí detectou um asteroide até então desconhecido, muito próximo da Terra. Isso agitou os especialistas, porque a primeira hora de observações sugeria que o objeto, batizado de 2020 HS7, tinha 10% de chance de colisão com a Terra.
Em uma hora, outros observatórios ao redor do mundo começaram a rastrear o objeto. Com mais observações, as preocupações se dissiparam: ele iria passar sem perigo pela Terra. E mesmo se colidisse com nosso planeta, graças ao seu pequeno tamanho (estimado entre 4 e 8 metros) não representaria risco para nós.
Segundo Lindley Johnson, Diretor de Defesa Planetária da Nasa, “asteroides pequenos como o 2020 HS7 passam em segurança pela Terra algumas vezes por mês. Eles não representam ameaça, e mesmo que estejam em rota de colisão são pequenos o bastante para serem desintegrados por nossa atmosfera”, afirmou.
Após mais observações, determinou-se que o asteroide passou a uma distância de 42 mil km de nós, mais longe do que o inicialmente previsto, porém ainda muito perto. Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), esta foi uma das 50 passagens mais próximas de que se tem registro.
Tanto 1998 OR2 quanto 2020 HS7 são um bom exemplo do fluxo de trabalho de nosso sistema de defesa: tudo começa com a identificação do maior número de asteroides possível, começando pelos maiores e mais visíveis.
Objetos a menos de 1,3 Unidades Astronômicas (AUl) do Sol são classificados como NEOs, ou “Near Earth Objects” (Objetos próximos da Terra), sendo 1 AU a distância entre a Terra e o Sol. Objetos com tamanho estimado em mais de 140 metros cuja órbita cruza a da Terra são chamados de PHOs (Potentially Hazardous Objects, ou “Objetos Potencialmente Perigosos”), não importa a probabilidade de impacto com nosso planeta, e colocados sob vigilância constante.
Os cientistas rastreiam estes objetos por tempo suficiente para calcular sua órbita, e quanto mais dados conseguirem coletar, mais preciso será o cálculo. Foi por isso que reduziram a chance de impacto de 2020 HS7, que inicialmente era calculada em 10%, a zero.
Caso haja uma probabilidade significativa de impacto, sistemas de alerta são acionados para alertar áreas do planeta sob risco e avaliar medidas para mitigação dos danos. Felizmente, no caso de 2020 HS7, estes sistemas não foram necessários.
Fonte: Space.com