O que são os flashes que partem da superfície da Lua?

Há mais de 50 anos, os cientistas pesquisam o fenômeno, que acontece mais de uma vez por semana, mas nunca encontraram uma explicação satisfatória
Redação05/06/2019 15h59, atualizada em 06/06/2019 00h30

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A existência de flashes misteriosos na Lua vem desde, pelo menos, o fim da década de 1960: os astrônomos Barbara Middlehurst e Patrick Moore revisaram a literatura científica e encontraram quase 400 relatos desses eventos. Pequenas regiões da superfície lunar ficam subitamente mais claras ou mais escuras, sem explicação.

Ainda em 1967, a pesquisa deles sobre flashes e escurecimento, que eles chamaram de “fenômenos transitórios lunares”, foi publicada na revista Science. Mais tarde, os cientistas trocaram a ordem dos termos e a classificação dos eventos passou a ser “fenômenos lunares transitórios”.

“A luz emitida geralmente é descrita como avermelhada ou rosada, às vezes com aparência espumante ou fluida”, escreveu o astrônomo AA Mills na revista Nature, em março de 1970. “A coloração pode se estender por 16Km ou mais na superfície lunar, com pontos mais claros de 3Km a 5Km de diâmetro (…). A duração de um evento é de cerca de 20 minutos, mas pode persistir de forma intermitente por algumas horas.”

Simpatizantes da astronomia podem identificar os flashes com a ajuda de um telescópio profissional, embora eles sejam imprevisíveis — encontrar um pode demorar horas ou dias. Mills observou que os eventos não deixam marcas perceptíveis na superfície lunar.

Os cientistas retornam ao assunto periodicamente, mas nunca encontram explicações conclusivas. Os fenômenos acontecem algumas vezes por semana, segundo especialistas. Neste ano, uma nova equipe de astrônomos voltou sua atenção a ele, com um observatório especialmente projetado para a tarefa.

O instrumento observa o satélite natural da Terra constantemente com duas câmeras localizadas a 100Km ao norte de Sevilha, na Espanha. Quando elas detectam um flash, gravam fotos e vídeos detalhados e enviam para a Julius-Maximilians-Universität Würzburg (JMU), na Alemanha, que opera os telescópios.

O observatório ainda está em desenvolvimento e recebe melhorias contínuas em seu software desde que entrou em operação em abril. Ainda assim, os pesquisadores têm suspeitas sobre o que vão descobrir. “Atividades sísmicas também foram observadas na Lua. Quando a superfície se move, os gases que refletem a luz do sol podem escapar de seu interior”, diz Hakan Kayal, pesquisador da JMU e chefe do projeto do telescópio, em comunicado.

Isso explicaria os fenômenos luminosos, alguns dos quais duram horas. Segundo Kayal, dados os planos atuais para estabelecer uma base na Lua, é importante saber exatamente o que acontece lá — assim, os astronautas que forem morar na estação espacial podem se preparar para o ambiente.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital