Mutação pós-Big Bang pode ser responsável por existência do universo

Matéria teve que ser superior à antimatéria em algum momento para que tudo começasse a existir
Redação19/02/2020 18h43, atualizada em 19/02/2020 19h15

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Um novo estudo realizado por cientistas da Universidade da Califórnia pode ajudar no esclarecimento de um dos principais mistérios que cercam o universo: por que há mais matéria do que antimatéria? E, consequentemente, por que tudo, de minúsculos átomos a gigantescos buracos negros, existe?

De acordo com a ideia mais aceita pela comunidade científica, o Big Bang deu início ao universo. Comparado a uma semente que explodiu há bilhões de anos e que vem se expandindo desde então, o fenômeno gerou a mesma quantidade de matéria e antimatéria. Porém, se matéria e antimatéria se aniquilam automaticamente, o Big Bang teria resultado em nada.

Se tantos corpos celestes surgiram dessa expansão, é porque, em algum momento, a matéria foi superior à antimatéria, e a mágica aconteceu, dando origem a tudo o que existiu posteriormente, inclusive, aos próprios seres humanos.

“Se você começar com um componente igual de matéria e antimatéria, acabará tendo nada”, afirmou Jeff Dror, o principal autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos. “Tudo apenas se aniquilaria”, completou.

Teorias discutidas

A explicação para a mutação pode estar em pequenas ondulações no espaço-tempo. Partículas elementares conhecidas como neutrinos, que não possuem carga elétrica e que, portanto, podem atuar como matéria e antimatéria, são grandes candidatas a esse feito.

Uma possibilidade é que, cerca de um milhão de anos após o Big Bang, o universo começou a esfriar e passou por uma transição de fase, como se uma água fervente estivesse sendo transformada em gelo. Nesse período, os neutrinos em decomposição passaram a criar mais matéria do que antimatéria em quantidades quase insignificantes que, depois de bilhões de anos, se tornaram absolutamente tudo o que conhecemos.

Apesar de não haver uma maneira simples para atestar essa teoria, os pesquisadores acreditam que a mudança tenha criado fios de energia extremamente longos e finos chamados de “cordas cósmicas”, as quais ainda permeiam o universo.

 R.Hurt / Caltech-JPL, NASA e ESA

“Se essas cordas forem produzidas em escalas de energia suficientemente altas, elas realmente produzirão ondas gravitacionais que podem ser detectadas por observatórios planejados”, disse Tanmay Vachaspati, físico teórico da Universidade Estadual do Arizona que não fez parte do estudo.

Se essas cordas existem, então é muito provável que tenham criado ondas gravitacionais no espaço-tempo. Supernovas, explosões estelares, fundição de buracos negros, entre outros importantes fenômenos espaciais liberam as tais ondas gravitacionais.

Ainda assim, as ondas gravitacionais causadas pelas cordas cósmicas seriam muito mais fracas do que as que quaisquer instrumentos precisaram detectar antes. A boa notícia é que futuros observatórios, que já estão sendo desenvolvidos, terão essa capacidade.

Via: Live Science

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital