Katherine Johnson era, como diz uma das suas biografias no site da Nasa, “um computador, na época em que computadores usavam saia”. Matemática, pioneira na busca pela igualdade racial, defensora da educação científica e uma das responsáveis pelo sucesso da Missão Apollo, que levou a humanidade à Lua, Katherine Coleman Goble Johnson faleceu nesta segunda-feira (24) aos 101 anos.
Ao lado da supervisora Dorothy Vaughan e da engenheira Mary Jackson, trabalhou no grupo de mulheres negras que faziam os cálculos das órbitas dos primeiros voos espaciais dos Estados Unidos, nos anos 1960, e inspiraram o livro e o filme “Estrelas Além do Tempo”. Segregadas pelo sexo e pela cor da pele, as cientistas se mostraram fundamentais para o progresso da pesquisa espacial norte-americana.
O falecimento de Katherine foi comentado por diversas pessoas nas redes sociais, inclusive o CEO da Microsoft, Satya Nadella, a ex-Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton e o principal candidato democrata para as eleições presidenciais, Bernie Sanders.
Katherine Johnson will be remembered not just for her contributions to the early years of the space program but for how she helped NASA evolve into a more enlightened organization. Her legacy is a powerful example of how one individual can be a catalyst for change. RIP Katherine.
— Satya Nadella (@satyanadella) February 24, 2020
As a child, Katherine Johnson said she “counted everything: the steps, the dishes, the stars in the sky.” As a mathematician, she broke barriers to help reach those stars. Her calculations helped put Americans in space, in orbit, and, finally, on the moon. #HiddenFigures pic.twitter.com/5ONuV5zhQ0
— Hillary Clinton (@HillaryClinton) February 24, 2020
Katherine Johnson was a true American hero and pioneer in math and science. Her legacy and incredible achievements in the face of racial and gender discrimination will never be forgotten. https://t.co/Pl8uoBwCO5
— Bernie Sanders (@BernieSanders) February 24, 2020
We’re saddened by the passing of celebrated #HiddenFigures mathematician Katherine Johnson. Today, we celebrate her 101 years of life and honor her legacy of excellence that broke down racial and social barriers: https://t.co/Tl3tsHAfYB pic.twitter.com/dGiGmEVvAW
— NASA (@NASA) February 24, 2020
Nascida em White Sulphur Springs, Virgínia Ocidental, em 1918, Katherine trabalhou para a Naca (National Advisory Committee for Aeronautics), que posteriormente se tornaria a Nasa, dentro da força-tarefa espacial criada após o lançamento do satélite Sputnik pelos russos, em 1957. Já na Nasa, ela fez a análise de trajetória da missão de Alan Shepard, em maio de 1961, o primeiro voo espacial humano dos EUA.
Em 1960, ela e o engenheiro Ted Skopinski, foram coautores de um relatório que apresentava equações para colocar um satélite em uma posição selecionada da Terra. Foi a primeira vez que uma mulher na Divisão de Pesquisa de Vôo recebeu crédito como autora de um relatório de pesquisa.
Em 1962, enquanto a NASA se preparava para a missão orbital de John Glenn, Johnson foi chamada a fazer o trabalho pelo qual ela se tornaria mais conhecida. A complexidade do vôo orbital exigia a construção de uma rede mundial de comunicações, ligando estações de rastreamento em todo o mundo aos computadores IBM em Washington, Cabo Canaveral (Flórida) e nas Bermudas. Os computadores foram programados com as equações orbitais que controlariam a trajetória da cápsula na missão, mas os astronautas tinham receio de colocar suas vidas sob os cuidados das máquinas sujeita e apagões.
Como exigência, Glenn pediu aos engenheiros que “levassem a garota” para executar os mesmos números pelas mesmas equações que foram programadas no computador, mas manualmente. “Se ela diz que eles são bons, então eu estou pronto para ir”, disse o astronauta.
Quando perguntada qual teria sido sua maior contribuição, Katherine lembrava dos cálculos que ajudaram a sincronizar o Módulo Lunar do Projeto Apollo com o Módulo de Comando e Serviço em órbita lunar. Aposentou-se em 1986, após 33 anos na Nasa. “Eu adorava ir trabalhar todos os dias”, disse ela. Em 2015, aos 97 anos, ela recebeu do presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra civil da América.
Via: Nasa