O cometa C/2020 F3 (Neowise) não deu um show nos céus somente na sua aproximação da Terra –brilhou também na saída. A Nasa aproveitou um dos seus melhores equipamentos, o já lendário telescópio espacial Hubble, para fazer uma rara imagem do cometa “de costas” e registrar sua coma – a nuvem de gás e poeira que envolve seu núcleo enquanto é aquecida pelo Sol.

“O Hubble tem uma resolução muito melhor do que podemos obter com qualquer outro telescópio”, afirma o pesquisador-chefe da Caltech, Qicheng Zhang. Essa qualidade de imagem é muito importante para os pesquisadores, por trazer detalhes muito próximos do núcleo. “Nos permite ver as mudanças na poeira logo após ela ser removida do núcleo devido ao calor solar, expondo amostras da poeira mais próxima possível das propriedades originais do cometa”, completa Zhang.

As imagens do Hubble, feitas no último dia 8, mostram que aparentemente o núcleo sólido do Neowise permaneceu intacto após sua passagem. Com apenas 4,8 quilômetros de diâmetro, o núcleo do cometa é muito pequeno para ser visto pelo telescópio, mas sua coma cometária, com 18 mil quilômetros, domina as fotos.

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Esta animação mostra a rotação do cometa Neowise logo após sua passagem pelo Sol. As imagens, tiradas com três horas de intervalo, mostram dois jatos emergindo do núcleo do cometa e sendo espalhados pela sua rotação. Imagem: Nasa/ESA/STScI/Q. Zhang (Caltech)

Os dados coletados pelo telescópio podem ajudar a revelar a cor da poeira do cometa e como essas cores mudam à medida que ele se afasta do Sol. Isso, por sua vez, pode explicar como o calor solar afeta a composição e a estrutura dessa nuvem de poeira. O objetivo final, de acordo com a Nasa, seria aprender mais sobre as propriedades originais da poeira e, consequentemente, sobre as condições do Sistema Solar em seus primeiros anos.

O Neowise é o cometa visível mais brilhante do Hemisfério Norte desde o Hale-Bopp, que nos visitou pela última vez em 1997. Ele agora está em sua viagem de volta para o Sistema Solar externo, a uma velocidade de 230 mil quilômetros por hora. Se você perdeu a passagem do Neowise este ano, terá que esperar 6.765 anos pela sua volta.

Via: Nasa