Uma pesquisa liderada pela Universidade Curtin, na Austrália, descobriu como as rochas provenientes do manto da Terra se ligam à formação e dissolução de supercontinentes e super oceanos nos últimos 700 milhões de anos, sugerindo que o planeta é composto por duas “faces” distintas.

O estudo, publicado na revista Nature Geoscience, examinou a composição química e isotópica de rochas originadas a milhares de quilômetros abaixo da superfície para entender melhor como o manto da Terra responde aos movimentos tectônicos que ocorrem perto da superfície.

O principal autor do estudo, dr. Luc-Serge Doucet, afirmou que o manto terrestre atualmente está dividido em dois domínios principais: Pacífico e Africano. No entanto, pouco se sabe sobre sua história e formação, e ambos geralmente são considerados quimicamente iguais.

“Nossa equipe usou metais vestigiais como chumbo, estrôncio e neodímio, de ilhas vulcânicas de hotspots, incluindo as ilhas havaianas no Oceano Pacífico e La Reunion no Oceano Índico, para examinar se esses dois domínios têm a mesma composição química”, explicou Doucet.

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Representação das camadas da Terra. Imagem: Reprodução

“Descobrimos que o domínio Africano era ‘enriquecido’ por materiais continentais subdivididos, que estavam ligados à montagem e à ruptura do supercontinente Pangeia”, disse o pesquisador, confirmando ainda que o domínio do Pacífico não continha tais materiais.

Duas “faces” distintas

A equipe percebeu que, ao contrário do que se pensava anteriormente, o conteúdo desses dois domínios do manto não é exatamente o mesmo. Em vez disso, a Terra parece ter duas “faces” hemisféricas quimicamente distintas, com o anel de fogo do Pacífico sendo a expressão superficial do limite entre elas.

O professor Zheng Xiang Li, coautor do estudo e chefe do Grupo de Pesquisa em Dinâmicas da Terra, disse que os dois hemisférios descobertos pela equipe podem ser melhor explicados pelas distintas histórias evolutivas dos dois domínios do manto.

“O trabalho nos ajuda a entender o que impulsiona a tectônica de placas e a formação e reserva de características geotectônicas globais, como o anel de fogo do Pacífico”, explicou Li. “A natureza dinâmica e interativa de todo o sistema terrestre tem implicações importantes na formação dos recursos terrestres, na evolução do ambiente terrestre e até na evolução da vida”.

Via: Phys.org