Há milênios, marinheiros usam as estrelas para se orientar. Séculos depois, faróis na costa passaram a oferecer um ponto de referência extra. Agora, pesquisadores da Nasa estão estudando o uso de pulsares como “faróis” para a criação de um “GPS cósmico”, capaz de auxiliar na navegação de espaçonaves em futuras missões ao espaço profundo.
Pulsares são estrelas de nêutrons com rápida rotação, que emitem feixes de Raios-X. À medida que elas giram esses feixes “varrem” o espaço, assim como o facho de luz de um farol. Devido à rotação, a grandes distâncias estes feixes se parecem com pulsos, daí o nome.
“O GPS usa sinais precisamente sincronizados. Os pulsos de algumas estrelas de nêutrons são muito estáveis, alguns tão estáveis quanto relógios atômicos terrestres, o que os torna potencialmente úteis de forma similar”, diz Luke Winternitz, pesquisador da Nasa no Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Maryland.
A estabilidade dos pulsos permite prever com grande precisão sua chegada a qualquer ponto de referência no sistema solar. Cronometrar a chegada do pulso a um detector em uma espaçonave e compará-lo à previsão de sua chegada a um ponto de referência fornece as informações necessárias para navegar com precisão muito além do nosso planeta.
Um equipamento experimental chamado Nicer (Neutron star Interior Composition Explorer), instalado a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) detecta e cronometra a chegada dos pulsos de Raios-X oriundos de pulsares. E um software embutido no Nicer, chamado Sextant (Station Explorer for X-ray Timing and Navigation Technology), usa estes dados para calcular informações de navegação. O conjunto, apelidado de XNAV, pode ser usado em um sistema de navegação autônoma por todo o sistema solar e além.
Atualmente o Nicer tem “o tamanho de uma máquina de lavar”, principalmente devido ao tamanho do coletor necessário para detectar as emissões de Raios-X. Mas é possivel criar coletores menores se o tempo de exposição for mais longo, assim como uma câmera fotográfica aumenta o tempo de exposição de uma imagem para capturar mais luz em um local escuro.
A equipe agora estuda a navegação autônoma XNAV como apoio a missões tripuladas a Marte. Os astronautas poderiam usá-lo, por exemplo, para complementar os recursos de navegação a bordo, caso precisassem voltar à Terra por conta própria.
Fonte: Phys.org