A estrela morta responsável pela primeira detecção de “explosões rápidas de rádio” (FRBs, ou “Fast Radio Bursts”) na Via Láctea, feita em abril, explodiu mais uma vez – dando aos astrônomos mais dados para estudar esse grande mistério cósmico.
Tão poderosos quanto centenas de milhões de sóis, esses fenômenos duram milissegundos e são dificílimos de serem localizados – dos mais de 150 detectados, apenas em alguns se pôde determinar suas galáxias de origem. Uma FRB na nossa galáxia é uma oportunidade e tanto para entender melhor sua natureza.
Em abril, os pesquisadores captaram os sinais do magnetar SGR 1935 + 2154, que está a apenas 30 mil anos-luz da Terra. A explosão emitiu de ondas de rádio incrivelmente brilhantes durante milissegundos, registrada por observatórios de rádio de todo o mundo e que seria detectável em outra galáxia.
Como a maioria das fontes de explosões rápidas de rádio não se repetem, elas são extremamente imprevisíveis. Além disso, as que detectamos geralmente vêm de tão distantes que nossos telescópios são incapazes de detectar estrelas individualmente. Mas no último dia 8 de outubro, SGR 1935 + 2154 explodiu novamente.
O sinal foi detectado pelos pesquisadores do projeto colaborativo CHIME/FRB no formato de três rajadas de rádio que duraram três segundos. O radiotelescópio FAST ainda observou outro detalhe: uma emissão de rádio pulsada consistente com o período de rotação do magnetar.
Magnetares podem ser uma das explicações para as explosões rápidas de rádio. Foto: Nasa/CXC/University of Amsterdam
“É realmente emocionante ver o SGR 1935 + 2154 de volta e estou otimista de que, ao estudarmos essas explosões com mais cuidado, isso nos ajudará a entender melhor a relação potencial entre magnetares e explosões de rádio rápidas”, afirma a astrônoma Deborah Good, da Universidade da Colúmbia Britânica no Canadá.
Os dados coletados ainda estão sendo analisados, portanto não sabemos muito sobre as três novas explosões ainda. “Embora menos brilhantes do que a detecção no início deste ano, essas explosões ainda são muito brilhantes e seriam vistas daqui se ocorressem em outra galáxia”, explica Good.
Os magnetares – dos quais apenas 24 foram detectados no universo até agora – são um tipo de estrela de nêutrons (o núcleo colapsado de uma estrela morta não massiva o suficiente para se transformar em um buraco negro). Embora pequenos – com cerca de 20 quilômetros de diâmetro – esses corpos celestes possuem a massa de cerca de dois sóis. Magnetares têm ainda uma característica que os distingue: um campo magnético um quatrilhão de vezes mais poderosos do que o da Terra.
Se os dados coletados forem validados, o SGR 1935 + 2154 será apenas o sexto magnetar com emissão de rádio pulsada detectado, com uma frequência de pulso de 3,24781 segundos – quase exatamente o período de giro da estrela. Até agora, astrônomos têm lutado para encontrar uma ligação entre magnetares e pulsares de rádio (outro tipo de estrela de nêutrons, com um campo magnético mais próximo do normal).
SGR 1935 + 2154 pode ser um possível “elo perdido” entre os dois tipos de estrelas.
Via: ScienceAlert