Descoberto possível ‘elo perdido’ entre pulsares e magnetares

As duas categorias derivam de estrela de nêutrons, mas até agora pesquisadores encontraram poucos exemplares do cruzamento entre elas, com características de ambas
Renato Mota01/05/2020 20h35

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Se fosse uma pizza, a estrela moribunda Swift J1818.0-1607 seria “metade pulsar, metade magnetar“. Oficialmente classificada como um magnetar, a estrela foi observada emitindo pulsos de rádio em frequências similares às dos pulsares. “Eu acho que é seguro chamá-lo de um elo perdido potencial” entre as duas categorias, afirma o astrofísico Marcus Lower, da Universidade de Tecnologia de Swinburne, autor do estudo.

Swift J1818.0-1607 é apenas o quinto magnetar já detectado emitindo ondas de rádio pulsadas. Mesmo assim, seu comportamento é diferente dos seus outros quatro colegas. “Ainda não sabemos muito sobre esse novo magnetar, mas há claras semelhanças entre ele e os pulsares de campo magnético alto”, explica Lower.

Os magnetares são um tipo de estrela de nêutrons, como pulsares, mas com um campo magnético muito mais poderoso (quatrilhões de vezes mais poderosos que os da Terra e mil vezes mais poderosos que os de uma estrela normal de nêutrons). Embora não se saiba muito sobre eles, acredita-se que os magnetares sejam um tipo de estrela de nêutrons que foi criada durante uma explosão da Supernova, semelhante ao que acontece com um pulsar.

Até o momento, detectamos apenas cerca de 24 dessas estrelas foram detectadas em nossa galáxia e, dessas, apenas algumas foram observadas emitindo ondas de rádio.

Reprodução

Pulsares, por outro lado, são muito mais comuns. São estrelas de nêutrons que giram rapidamente e emitem jatos de radiação de rádio de seus polos. Quando esses jatos são orientados a passar pela Terra, pulsam, como um rápido farol cósmico, em escalas de tempo tão curtas quanto milissegundos.

Como os pulsares e os magnetares possuem são ambas estrelas de nêutrons, espera-se que haja algum cruzamento entre eles. Mas isso é surpreendentemente raro, e pesquisadores acreditam que a razão disso seria que o campo magnético dos magnetares é muito poderoso para suportar emissões de rádio semelhantes a pulsares. Novas pesquisas, porém, estão mudando este pensamento.

“A razão mais provável é que os raios de rádio simplesmente não cruzam nossa linha de visão”, acredita Lower. “Isso não é muito surpreendente, pois seus períodos de rotação lenta e a alta taxa de desaceleração ao longo do tempo os fazem ter raios de rádio muito estreitos quando comparados a outros pulsares”.

No último dia 12 de março, observações detectaram uma emissão de raios X pulsados sob uma explosão de raios gama a partir de Swift J1818.0-1607. Dois dias depois, uma análise inicial descobriu que o magnetar é também o pulsar de rotação mais rápida encontrado até hoje – e o mais jovem, com cerca de 240 anos.

Por três horas, Lower e sua equipe gravaram a estrela ondas de rádio pulsadas, aparentemente não muito diferentes dos outros pulsares. “À primeira vista, os pulsos de rádio emitidos pelo Swift J1818.0-1607 parecem bastante semelhantes aos dos outros quatro magnetares de rádio. Eles são muito estreitos e, às vezes, compostos de várias explosões de milissegundos”, disse Lower.

No entanto, observando mais de perto a luminosidade dos pulsos em diferentes frequências de rádio, os pesquisadores percebemos que houve uma queda drástica no brilho quando passa das baixas para altas frequências. “Embora isso seja semelhante a muitos pulsares de rádio, é muito diferente de pulsos vistos de outros magnetares. Eles tendem a ter um brilho quase constante em todo o espectro de rádio”, completa o pesquisador.

O estudo é bastante preliminar, mas indica que o mecanismo por trás das explosões de rádio nas duas categorias de estrelas poderia ser semelhante, ou sugerir que pelo menos alguns magnetares possam evoluir a partir de pulsares. Como de costume, mais observações seriam necessárias.

Via: Science Alert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital