Durante a missão Rosetta, que estudou de perto o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, cientistas notaram um fenômeno estranho: o cometa parecia mudar de cor à medida que se aproximava do sol. E após analisar mais de 4.000 observações feitas ao longo de 2 anos pela VIRTIS, câmera a bordo da sonda capaz de fazer fotografias em luz visível ou infravermelho, os cientistas sabem exatamente a causa.
Quando longe do sol o núcleo do cometa era coberto por grãos de “poeira” formada por compostos orgânicos, que aos olhos do VIRTIS tem uma aparência avermelhada. Em contraste, a cauda parecia “azulada”, pois era composta por grãos de gelo com cerca de 100 micrômetros de diâmetro.
Entretanto, à medida que o cometa se aproximava do sol, sua superfície se aquecia, e camadas de gelo em seu interior começaram a sublimar, ou seja, se transformar em vapor d’água. Este vapor ejetava a poeira da superfície para a cauda, fazendo com que assumisse um aspecto avermelhado. Em contraste, o gelo recém exposto no núcleo fazia com que este parecesse azulado.
Quando o cometa se afastou do sol, sua superfície esfriou. Sem o vapor d’água, o núcleo voltou a acumular poeira e a ter um tom avermelhado, enquanto a cauda voltou a ser composta principalmente por grãos de gelo, com tom azulado.
“Para responder à grande questão sobre como um cometa funciona, é muito importante ter uma série temporal longa como esta”, diz Gianrico Filacchione, do Instituto de Astrofísica e Planetologia Espacial da INAF-IAPS, da Itália, que liderou o estudo.
A razão é que os cometas são ambientes extremamente dinâmicos. Jatos de vapor tendem a aparecer rapidamente em suas superfícies e depois diminuem da mesma forma repentinamente.
Portanto, a comparação de capturas instantâneas ocasionais arrisca que nossa compreensão da evolução a longo prazo do cometa seja influenciada pelas mudanças transitórias. Ter uma quantidade tão grande de medições, no entanto, significa que mesmo pequenas mudanças na escala de tempo podem ser rastreadas.
Fonte: ESA