Um dos desafios na exploração espacial são as vastas distâncias envolvidas. Com a tecnologia atual, seriam necessários dezenas de milhares de anos para atingir mesmo o sistema estelar mais próximo, Alpha Centauri, a “apenas” 4,3 anos-luz de distância.

Se quisermos visitar exoplanetas em sistemas solares distantes precisaremos de uma forma de viajar mais rápida e sem a necessidade de levar imensas quantidades de combustível conosco.

Uma alternativa seriam velas solares, que funcionam partindo do princípio de que os fótons, partículas que compõem a luz, tem massa e que o impacto de milhões e milhões de fótons, oriundos da luz de uma estrela, contra uma vela feita de material reflexivo seria capaz de impulsionar uma pequena espaçonave.

Infelizmente, uma vela solar tradicional só poderia nos levar a velocidades como 0,01% da velocidade da luz (indicada pela constante c). É aqui que entra o trabalho dos pesquisadores Manasvi Lingam e Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, nos EUA, que investigaram como uma vela solar poderia ser usada para usar a energia produzida pelas “ondas” de uma supernova, da mesma forma que um veleiro usa a energia do vento.

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Supernovas são explosões que ocorrem quando uma estrela chega ao fim de sua vida. Por um momento, cerca de uma semana, elas se tornam bilhões de vezes mais brilhantes que o nosso Sol. Uma vela solar que normalmente seria acelerada a 0,01% da velocidade da luz poderia chegar a um décimo (0.1c) desta velocidade. “Bastaria” posicionar corretamente uma espaçonave antes da explosão e aproveitar o “embalo”.

O problema é que não podemos prever quando uma estrela se tornará uma supernova. Podemos estimar, mas estas hipóteses podem estar erradas por milhares de anos. Além disso, há questões como a seleção de materiais para a vela (que tem que ser altamente reflexiva, para não reter calor e queimar) ou como proteger a vela e a espaçonave, de objetos em seu percurso. Viajando mesmo a uma fração da velocidade da luz, um impacto contra um simples grão de poeira poderia ser tão violento quando a explosão de uma bomba nuclear.

Uma espaçonave acelerada por uma supernova poderia ser um “mensageiro” de uma civilização tecnológica avançada tentando contato com outra. “Se tivermos a sorte de ter várias civilizações tecnologicamente avançadas em nossa galáxia, talvez haja “enxames” de velas solares ao redor de estrelas imensas, pacientemente aguardando por sua explosão”, disse Loeb.

“Ao procurar por assinaturas tecnológicas, nosso trabalho sugere que seria interessante observar a vizinhança de fontes astrofísicas de grande energia, como supernovas e quasares, em busca de sinais de rádio”, disse Lingam.

Fonte: Space.com