Astrônomos detectaram o que pode ser a colisão entre buracos negros mais massiva já identificada. Dois corpos espaciais com 66 e 85 vezes a massa do sol se chocaram há mais de sete bilhões de anos. O evento resultou na formação de um objeto cósmico que ainda não havia sido observado por cientistas: um buraco negro intermediário.

Até agora, pesquisadores foram capazes de detectar e observar buracos negros de duas faixas ‘distantes’. Os buracos negros estelares, que apresentam de cinco a 100 vezes a massa do nosso Sol; e buracos negros supermassivos com massas milhões de vezes maiores que a solar.

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Entre as duas categorias, ainda reside a classificação de buracos negros intermediários, isto é, objetos com 100 a mil vezes a massa da nossa estrela. A nova colisão detectada por astrônomos culminou em um buraco negro com 142 vezes o tamanho do Sol – o primeiro ‘intermediário’ já observado por cientistas.

A descoberta foi relatada em artigos publicados nas revistas Astrophyiscal Journal Letters e Physical Review Letters, nesta quarta-feira (2). Para pesquisadores, o registro pode explicar algumas características do universo, como a presença abundante de buracos negros menores e a escassez de buracos negros supermassivos.

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Como lembra o The Verge, alguns estudiosos defendem a teoria que os corpos supermassivos são formados a partir de colisões contínuas de buracos negros menores. Essa concepção implica em admitir a existência dos buracos negros intermediários.

Reprodução

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Divulgada em abril, animação da Nasa mostra a complexa “dança” de um buraco negro menor ao redor de um buraco negro supermassivo da galáxia OJ 287. Imagem: Nasa

Caminho até a descoberta

O evento inédito foi detectado por cientistas dos observatórios de Ligo e Virgo, localizados nos Estados Unidos e na Itália, respectivamente. Para estudar a nova descoberta, os cientistas estudaram a energia liberada durante a colisão entre os buracos negros. Quando objetos massivos se fundem no espaço, eles provocam distorções no espaço e tempo que criam ondulações na estrutura do universo, conhecidas como ondas gravitacionais.

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Os observatórios Ligo e Virgo são projetados especificamente para detectar essas perturbações. Desde 2015, colaborações entre os dois laboratórios mapearam 67 colisões de buracos negros e estrelas de nêutrons. A nova descoberta, denominada GW190521, foi detectada em 21 de maio de 2019.

De acordo com o The Verge, os astrônomos captar ondas gravitacionais extremamente tímidas, que duraram apenas um décimo de segundo. As ondas gravitacionais são fenômenos intensos, mas chegam enfraquecidas a Terra após viajarem por até bilhões de anos. Ainda assim, os cientistas conseguiram estimar a massa dos buracos negros e o volume de energia liberada durante a colisão.

Os pesquisadores admitem, no entanto, que ainda consideram a possibilidade de terem detectados ondas emitidas pelo colapso de uma estrela ou outros eventos astronômicos estranhos. O choque entre os buracos negros, entretanto, é a explicação mais plausível para sustentar as informações captadas pelos cientistas. Eles estimam ainda que esses fenômenos são muito mais raros do que a colisão de buracos negros menores.

Ao The Verge, o professor assistente do laboratório LIGO do MIT, Salvatore Vital, disse que a cada intervalo entre colisões de buracos negros maciços ocorram cerca de 500 choques de buracos negros menores.

Via: The Verge