Cientista calcula as chances de que a vida seja comum no universo

Segundo David Kipping, da Universidade de Columbia, essa probabilidade é nove vezes maior sobre a possibilidade de ser rara
Rafael Rigues20/05/2020 13h28

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“Estamos sozinhos no universo?”. Esta é uma pergunta que preocupa a humanidade há milênios, mas para a qual até o momento não temos uma resposta conclusiva. Mas considerando o que sabemos sobre nosso planeta, nosso sistema solar e outras estrelas, podemos ao menos nos arriscar a calcular uma resposta.

É o que faz o professor de astronomia David Kipping, da Universidade de Columbia, nos EUA, em um artigo publicado recentemente no jornal científico PNAS (Proceeding of the National Academy of Sciences). Usando uma ferramenta matemática chamada Análise Bayesiana e partindo de alguns pressupostos-chave, ele calculou qual a probabilidade da vida surgir novamente na Terra se pudéssemos “voltar o relógio” e rodar a evolução de nosso planeta novamente.

A Terra foi usada como ponto de partida porque é o único planeta definitivamente habitável que conhecemos. Mas considerando que os cientistas estimam que existam 10 septilhões (10.000.000.000.000.000.000.000.000) de planetas no universo, há chances de que em algum lugar exista ao menos um “gêmeo” da Terra, onde a vida poderia surgir em condições similares às nossas.

Não compreendemos com que frequência a vida e a inteligência se desenvolvem em nosso universo, mas sabemos que a vida surgiu no início da história de nosso planeta. A inteligência, entretanto, demorou muito mais e só apareceu nos últimos “minutos” de uma história de mais de 4 bilhões de anos.

Hipóteses

Kipping analisou quatro hipóteses: 1) A vida é comum e a inteligência se desenvolve frequentemente. 2) A vida é rara, mas frequentemente desenvolve inteligência. 3) A vida é comum, e raramente desenvolve inteligência e 4) A vida é rara, e raramente desenvolve inteligência.

A cada vez que realizava uma simulação, Kipping chegava à conclusão de que a probabilidade da vida ser comum é nove vezes maior se comparada à raridade dela. “Chegamos à profunda conclusão que, muito provavelmente, a vida é comum”, diz ele no vídeo abaixo:

Entretanto, as chances de que a vida desenvolva inteligência são diferentes. “Se pudéssemos repetir a história da Terra, o surgimento da inteligência é algo de certa forma improvável”, diz ele. “Minha aposta é que a vida é comum, mas a vida inteligente deve ser rara”.

Se extrapolarmos esta análise para todo o universo, chegaremos à conclusão de que muitos planetas podem ser habitados, mas seus ocupantes podem não ser muito mais do que bactérias no solo ou líquens nas rochas.

Alienígenas

Kipping avisa que seu trabalho não pode ser considerado como “prova” de que o universo está cheio de alienígenas, porque só temos informações sobre o surgimento da vida em um planeta, o nosso. Se “gêmeos” dele forem raros no universo, não importa a probabilidade de que a vida surja.

“Ainda assim, de forma encorajadora, a possibilidade de um universo repleto de vida surge como a aposta favorita”, diz Kipping. “De forma alguma a busca por vida inteligente em mundos além da Terra deve ser desencorajada”.

Fonte: CNet

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital