Nasa descobre planeta sobrevivente que orbita próximo a uma anã branca

Planeta completa uma órbita ao redor da estrela a cada 34 horas; ele não se formou na posição atual, e cientistas ainda não sabem como ele chegou até lá sem ser destruído pela gravidade da estrela
Rafael Rigues16/09/2020 18h59

20200916040324

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe internacional de cientistas usando o Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) e o já aposentado telescópio espacial Spitzer detectou a existência de um algo improvável: um gigantesco planeta em órbita extremamente próxima de uma estrela anã branca.

Batizado de WD 1856 b, o planeta não deveria existir. Pelo menos não de acordo com nosso conhecimento sobre o universo. Quando uma estrela como o Sol está no fim de sua vida, ela “incha” e se torna uma gigante vermelha, centenas de vezes maior que seu tamanho original.

Quando o combustível necessário para manter a fusão estelar (hidrogênio) acaba, a estrela ejeta suas camadas externas de gás, perdendo 80% de sua massa. O que sobra é uma anã branca, uma estrela com a massa de nosso Sol, mas apenas 40% maior do que nosso planeta.

Segundo Andrew Vanderburg, professor assistente de astronomia na Universidade de Wisconsin-Madison, “o processo de criação de uma anã branca destrói os planetas próximos, e qualquer coisa que posteriormente chegue perto demais geralmente é despedaçada pela imensa atração gravitacional da estrela. Ainda temos muitas questões cobre como WD 1856 b chegou à sua localização atual sem enfrentar um destes destinos”.

WD 1856 b tem um tamanho similar ao de Jupiter, orbita a estrela WD 1856+534 uma vez a cada 34 horas, 60 vezes mais rápido que a órbita de mercúrio ao redor do Sol, e está a cerca de 80 anos-luz daqui. A estrela tem 18 mil km de diâmetro e idade estimada em 10 bilhões de anos. Ela é parte de um sistema trinário (com três estrelas), composto também pelas anãs vermelhas G229-20 A e G229-20 B.

Vandenburg e seus colegas estimam que WD 1856 b se formou pelo menos 50 vezes mais distante que sua posição atual, e foi atraído pela estrela. “Sabemos há muito tempo que depois que as anãs brancas nascem, objetos distantes como asteroides e cometas podem migrar em direção a estas estrelas. Eles normalmente são despedaçados pela intensa força gravitacional e se transformam em um disco de detritos”, disse Siyi Xu, astrônoma assistente no Observatório Internacional Gemini, no Havaí, e co-autora do artigo.

“Foi por isso que fiquei tão animada quando Andrew me contou sobre esse sistema. Já havíamos visto indícios de que planetas também poderiam ser atraídos, mas esta parece ser a primeira vez que um planeta fez a jornada inteira intacto”, afirmou.

WD 1856 b foi descoberto pelo método de trânsito, quando um observatório detecta variações no brilho da estrela quando um planeta passa à sua frente. É possivel que existam outros planetas no sistema, mas até o momento eles não foram detectados.

Fonte: Nasa
https://www.nasa.gov/press-release/nasa-missions-spy-first-possible-survivor-planet-hugging-white-dwarf-star

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital