Marte é um dos assuntos favoritos da agência espacial dos EUA, a Nasa. Diversas inovações vêm sendo estudadas pelos cientistas da agência sobre como mandar humanos à superfície do planeta vermelho, além de mantê-los lá por um bom tempo e trazê-los de volta em segurança.
No ano passado, o então presidente Barack Obama chegou a dizer publicamente que o plano era levar astronautas a Marte até 2030. Nesta semana, porém, num raro momento de sinceridade com a imprensa, a Nasa admitiu uma realidade que já se especulava há tempos: falta dinheiro.
Durante um encontro da AIAA (“American Institute of Aeronautics and Astronautics”, associação dos EUA voltada a profissionais de engenharia aeroespacial), Bill Gerstenmaier, chefe da Nasa na área de pesquisa em viagens espaciais tripuladas, teve que responder à pergunta: quando a humanidade tocará em Marte?
“Eu não posso indicar uma data para quando humanos chegarão a Marte”, disse Gerstenmaier, de acordo com o site Ars Technica. “Com o nível de orçamento a que temos direito, quase 2% de aumento, não temos os sistemas de superfície disponíveis para Marte. E a entrada, a descida e o pouso são um grande desafio para nós em Marte.”
Os 2% a que Gerstenmaier se refere são equivalentes ao aumento no orçamento anual que a Nasa recebeu do governo para 2017, pouco abaixo da inflação dos EUA. Em outras palavras, se o financiamento estatal continuar tão baixo, chegar a Marte antes de 2030, como a agência prometera, fica cada vez mais difícil.
Mesmo que não chegue ao planeta vermelho tão cedo, a Nasa ainda trabalha com a possibilidade de irmos novamente até a Lua. “Se descobrirmos que existe água na Lua, e queremos fazer operações mais extensas lá para explorar isso, nós temos a habilidade, com o Deep Space Gateway, para um extenso programa na superfície da Lua”, disse Gerstenmaier.
O Deep Space Gateway, ou “portão para o espaço profundo”, em tradução livre, é uma nova estação espacial planejada pela Nasa há anos e que poderia ser instalada além da órbita da Lua. A ideia é que essa nova estação sirva como ponto de partida para missões em outros planetas, inclusive Marte, mas nada de concreto foi desenvolvido a respeito desse projeto nos últimos tempos.
O plano de voltar à Lua começou no início dos anos 2000, sob o governo de George W. Bush. Quando Barack Obama assumiu a Casa Branca, o foco deixou de ser a Lua e se voltou para Marte. Segundo Gerstenmaier, porém, a atual administração, de Donald Trump, ainda não deixou claro qual será a prioridade, Lua ou Marte, se é que a Nasa terá alguma prioridade pelos próximos quatro anos.
O problema de orçamento da Nasa também não chega a ser novidade, embora esta seja a primeira vez que a agência admita sua existência. Quando anunciou o plano para chegar a Marte em 2030, um relatório independente do Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA já indicava que faltava dinheiro à Nasa para cumprir a promessa.