Morre Katherine Johnsomate, matemática que inspirou ‘Estrelas além do Tempo’

Pesquisadora, pioneira na luta pela igualdade racial nos EUA e defensora da educação, Katherine Johnson tinha 101 anos e morreu de causas naturais
Renato Mota24/02/2020 18h12

20200224031615

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Katherine Johnson era, como diz uma das suas biografias no site da Nasa, “um computador, na época em que computadores usavam saia”. Matemática, pioneira na busca pela igualdade racial, defensora da educação científica e uma das responsáveis pelo sucesso da Missão Apollo, que levou a humanidade à Lua, Katherine Coleman Goble Johnson faleceu nesta segunda-feira (24) aos 101 anos.

Ao lado da supervisora Dorothy Vaughan e da engenheira Mary Jackson, trabalhou no grupo de mulheres negras que faziam os cálculos das órbitas dos primeiros voos espaciais dos Estados Unidos, nos anos 1960, e inspiraram o livro e o filme “Estrelas Além do Tempo”. Segregadas pelo sexo e pela cor da pele, as cientistas se mostraram fundamentais para o progresso da pesquisa espacial norte-americana.

O falecimento de Katherine foi comentado por diversas pessoas nas redes sociais, inclusive o CEO da Microsoft, Satya Nadella, a ex-Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton e o principal candidato democrata para as eleições presidenciais, Bernie Sanders.

Nascida em White Sulphur Springs, Virgínia Ocidental, em 1918, Katherine trabalhou para a Naca (National Advisory Committee for Aeronautics), que posteriormente se tornaria a Nasa, dentro da força-tarefa espacial criada após o lançamento do satélite Sputnik pelos russos, em 1957. Já na Nasa, ela fez a análise de trajetória da missão de Alan Shepard, em maio de 1961, o primeiro voo espacial humano dos EUA.

Em 1960, ela e o engenheiro Ted Skopinski, foram coautores de um relatório que apresentava equações para colocar um satélite em uma posição selecionada da Terra. Foi a primeira vez que uma mulher na Divisão de Pesquisa de Vôo recebeu crédito como autora de um relatório de pesquisa.

Em 1962, enquanto a NASA se preparava para a missão orbital de John Glenn, Johnson foi chamada a fazer o trabalho pelo qual ela se tornaria mais conhecida. A complexidade do vôo orbital exigia a construção de uma rede mundial de comunicações, ligando estações de rastreamento em todo o mundo aos computadores IBM em Washington, Cabo Canaveral (Flórida) e nas Bermudas. Os computadores foram programados com as equações orbitais que controlariam a trajetória da cápsula na missão, mas os astronautas tinham receio de colocar suas vidas sob os cuidados das máquinas sujeita e apagões.

Como exigência, Glenn pediu aos engenheiros que “levassem a garota” para executar os mesmos números pelas mesmas equações que foram programadas no computador, mas manualmente. “Se ela diz que eles são bons, então eu estou pronto para ir”, disse o astronauta.

Quando perguntada qual teria sido sua maior contribuição, Katherine lembrava dos cálculos que ajudaram a sincronizar o Módulo Lunar do Projeto Apollo com o Módulo de Comando e Serviço em órbita lunar. Aposentou-se em 1986, após 33 anos na Nasa. “Eu adorava ir trabalhar todos os dias”, disse ela. Em 2015, aos 97 anos, ela recebeu do presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra civil da América.

Via: Nasa

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital