Marte está “suando”. Uma pesquisa publicada na revista Science nesta quinta (9) indica que o Planeta Vermelho está perdendo água mais rápido do que se imaginava através da evaporação. Mudanças sazonais são os principais fatores que determinaram a distribuição do vapor de água na atmosfera marciana.

Há bilhões de anos, Marte foi coberto de água. Vales sinuosos, onde rios corriam e leitos secos de lagos na superfície do planeta se apresentam, nos dão essas pistas. O que resta da água congelada nas calotas polares, que possuem menos de 10% da água, já fluiu na superfície.

Estudos anteriores já apontavam que muito da água de Marte estava escapando para o espaço. A radiação ultravioleta do sol quebra as moléculas de vapor, liberando o hidrogênio, mais leve, para flutuar (especialmente considerando que a gravidade no planeta é apenas 40% do que sentimos na Terra).

Porém, era imaginado que parte desse vapor se condensaria e se transformaria em nuvens ao chegar nas regiões mais altas e frias da atmosfera marciana. Usando dados da Atmospheric Chemistry Suite do ExoMars Trace Gas Orbiter, cientistas observaram que Marte tem muito mais hidrogênio na sua atmosfera superior do que se pensava.

“Se o vapor d’água puder flutuar tão alto na atmosfera marciana sem ser limitado pela condensação, poderíamos imaginar que a fuga de água em Marte tenha sido muito mais eficaz do que se acreditava”, disse afirmou o co-autor do estudo, Franck Montmessin, cientista planetário da Universidade de Paris-Saclay, na França, em entrevista ao site Space.com.

No estudo, os cientistas observaram a maneira como a água era distribuída para cima e para baixo na atmosfera marciana, por altitude em estações tempestuosas da primavera e verão entre 2018 e 2019. Durante a época mais quente, grandes porções da atmosfera ficaram “supersaturadas” com 10 a 100 vezes mais vapor d’água do que o esperado, permitindo que as moléculas cheguem a superfície sem virar nuvens.

“Esses níveis extraordinários de saturação não são observados em nenhum outro corpo do sistema solar”, afirma Montmessin, que espera que pesquisas futuras possam verificar mais precisamente quanta água está entrando na atmosfera superior do planeta e criar modelos de comportamento, para que os cientistas possam entender melhor como o vapor d’água pode escapar para o espaço.

Via Space.com/Science