A Universidade de Texas em Austin, em parceria com o Google, conseguiu descobrir dois novos planetas em dados da missão Kepler, da Nasa, que já haviam sido analisados por astrônomos. De acordo com o anúncio da empresa, a descoberta foi feita com o auxílio de inteligência artificial, mais especificamente de técnicas de aprendizagem de máquina.

Segundo a Nasa, a missão Kepler é dedicada a encontrar outros planetas na nossa galáxia com características semelhantes às da Terra. Como parte da missão, o telescópio Kepler observou mais de 200 mil estrelas ao longo de quatro anos, capturando uma imagem a cada 30 minutos. Com isso, o telescópio gerou cerca de 14 bilhões de pontos de dados, que se traduzem em 2 quadrilhões (dois milhões de bilhões) de planetas possívels.

Deixa com a máquina

Um volume de dados desse tamanho dificilmente poderia ser analisado de maneira adequada por humanos. Por isso, o pesquisador do Google Chris Shallue teve a ideia de criar um sistema de inteligência artificial que fosse capaz de avaliar as imagens e determinar se elas poderiam servir de indicação de que aquela estrela tinha um planeta orbitando-a.

Quando um planeta passa em frente a uma estrela, o brilho emitido por ela naturalmente diminui. Isso acaba aparecendo nas fotos tiradas pelo Kepler. No entanto, é preciso distinguir se a diminuição do brilho foi de fato causada por um planeta, ou se foi fruto de outro fator, como manchas estelares ou estrelas binárias. Foi isso que o pesquisador ensinou o sistema a fazer. O GIF abaixo ilustra esse processo:

Aprendendo a caçar planetas

Para “treinar” a máquina a encontrar planetas com base nas fotos, os pesquisadores usaram um conjunto de dados composto por mais de 15 mil imagens já analisadas e divididas entre as que continham planetas, as que continham manchas de outro tipo e as que não tinham nada de notável. Depois desse treinamento, o sistema foi capaz de analisar corretamente 96% das outras imagens que foram mostradas a ele.

Nesse momento, ele já estava pronto para analisar fotos ainda não classificadas por humanos. Os pesquisadores escolheram imagens de 670 estrelas que já sabia-se que continham ao menos dois planetas em sua órbita. Analisando as imagens dessas estrelas, o sistema conseguiu descobrir dois novos planetas que haviam passado batidos.

Os novos planetas

Os planetas encontrados pela máquina receberam os nomes de Kepler 80g (orbitando a estrela Kepler 80) e Kepler 90i (orbitando a estrela Kepler 90). Dos dois, o Kepler 90i é o mais notável, pois é o oitavo planeta descoberto que orbita a Kepler 90. Isso faz com que o sistema dessa estrela seja o primeiro sistema descoberto com oito planetas em órbita – além, é claro, do nosso próprio sistema.

Kepler 90i, fora isso, guarda poucas semelhanças com a Terra. A órbita dele tem um período de 14 dias, o que significa que ele leva duas semanas para dar uma volta em torno de seu sol. E a superfície dele tem uma temperatura de superfície de aproximadamente 420ºC. Segundo o Google, esse método deverá continuar a ser usado em mais imagens da missão Kepler para descobrir outros planetas nas outras 199.330 estrelas que o sistema ainda não analisou.