Novas imagens de alta resolução em infravermelho de Júpiter, obtidas pelo telescópio Gemini Norte no Havaí e pelo telescópio espacial Hubble, em órbita terrestre, estão ajudando os cientistas a entender melhor os sistemas climáticos por trás das poderosas tempestades que cobrem o planeta.

Observações do espaço feitas a partir da Terra estão sujeitas a distorções causadas por nossa atmosfera, como o movimento de correntes de ar ou mudanças na temperatura, o que limita a resolução das imagens. Para contornar o problema, os pesquisadores do Gemini usaram uma técnica apelidada de “imagens de sorte”.

A ideia é fazer dezenas de imagens de curta exposição de um mesmo local em um curto período. Destas apenas as mais nítidas, cerca de 10% do total, feitas em breves momentos de “sorte” quando a atmosfera estava calma, são selecionadas.

As imagens são então combinadas em um mosaico, com resolução maior do que seria possível com uma observação direta. De acordo com Michael Wong, da Universidade da Califórnia em Berkeley e líder da equipe, “essas imagens rivalizam com a vista do espaço”.

Reprodução

Imagem de Júpiter em Infravermelho, obtida pelo telescópio Gemini Norte usando a técnica de “imagens de sorte”. Crédito: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA M.H. Wong (UC Berkeley).

Características

O resultado lembra uma “abóbora de Halloween”, com as camadas inferiores de Júpiter, que emitem luz infravermelha, brilhando entre espessas camadas de nuvens, que aparecem como áreas escuras. Em imagens em luz visível obtidas pelo Hubble ocorre o inverso, e os “buracos” nas camadas de nuvens aparecem como áreas mais escuras, que os cientistas anteriormente acreditavam serem nuvens de cores diferentes.

Os cientistas então combinaram as observações do Gemini e Hubble com dados de um instrumento chamado Radiômetro de Micro-ondas, a bordo da sonda Juno, que observa o planeta desde 2014. Este instrumento foi projetado para observar descargas elétricas (raios) na atmosfera joviana.

Analisando os dados de 337 raios detectados pela Juno, os cientistas determinaram que eles ocorrem em regiões com grandes “torres” convectivas de ar úmido que se formam sobre nuvens espessas de água, tanto congelada quando líquida. Áreas “limpas” ao redor destas tempestades são causadas por correntes descendentes de ar seco fora das células de convecção.

“Estes vórtices ciclônicos podem ser como ‘chaminés’ de energia interna, ajudando na liberação desta energia por convecção. Isso não acontece em todos os lugares, mas algo nestes ciclones parece facilitar a convecção”, afirma o pesquisador.

“Como agora temos rotineiramente imagens de alta resolução de alguns observatórios e frequências de luz, estamos aprendendo muito sobre o clima de Júpiter”, disse a cientista planetária Amy Simon, da Nasa. “É o nosso equivalente de um satélite meteorológico. Podemos finalmente começar a olhar para os ciclos climáticos”, afirma.

Fonte: Science Alert