Pesquisadores da Universidade de Cadiz, na Espanha, conduziram um teste para comparar a inteligência humana com uma inteligência artificial em uma tarefa de percepção visual. A ideia era determinar se uma IA poderia ser usada confiavelmente para análise de imagens em busca de “assinaturas” de uma civilização ou tecnologia alienígenas, como formas geométricas em um terreno.
Para isso, os pesquisadores usaram imagens de uma região do planeta anão Ceres conhecida como “Cratera Occator”. O relevo acidentado da região, combinado a manchas “brilhantes” em um terreno escuro, fez com que no passado pessoas afirmassem ter encontrado “estruturas artificiais” nas fotos, que seriam evidências de uma civilização alienígena.
A equipe juntou um grupo de 136 voluntários, nenhum deles com experiência em astronomia, mostrou a eles imagens da cratera e perguntou o que viam. O mesmo foi feito com uma inteligência artificial, treinada para detectar quadrados e triângulos.
Imagem do fundo da cratera Occator usada pelos pesquisadores. O que você vê?
“Tanto as pessoas quanto a inteligência artificial viram uma “estrutura” quadrada nas imagens, mas a IA também identificou um triângulo”, disse o pesquisador Gabriel G. De la Torre. “Quando um triângulo foi apresentado como uma opção aos seres humanos, a porcentagem de pessoas que afirmaram vê-lo aumentou significativamente”.
Mas segundo o pesquisador, não há nenhum triângulo na imagem. Na realidade, a forma é provavelmente uma ilusão causada pela mistura de luzes e sombras, e não uma estrutura alienígena.
Ou seja, a IA induziu os humanos a ver algo que não existia, o que pode nos levar a conclusões erradas no futuro. “Apesar de estar na moda e ter muitos usos, a inteligência artificial pode nos confundir e nos dizer que detectou algo impossível ou inexistente”, diz De la Torre.
“Isso, portanto, compromete sua usabilidade em tarefas como a busca por assinaturas tecnológicas extraterrestres em alguns casos. Temos que ser cuidadosos com sua implementação e uso na busca por inteligências extraterrestres”, afirma o pesquisador.
Fonte: Agência Sinc (CC-BY-3.0)