Hubble detecta menor aglomerado de matéria escura já observado

Utilizando novas técnicas, os pesquisadores da Nasa encontraram aglomerados de estrelas sob efeito gravitacional da matéria escura que são entre dez mil e cem mil vezes menor do que o da Via Láctea
Renato Mota17/01/2020 16h33

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Como detectar o que é invisível? Observando a sua influência nos objetos ao redor. Foi assim que os astrônomos detectaram aglomerados de matéria escura – uma substância invisível que compõe a maior parte da massa do universo – em torno de galáxias grandes e médias. Agora, usando o Hubble e uma nova técnica de observação, os pesquisadores descobriram que a matéria escura forma aglomerados de estrelas muito menores do que se sabia anteriormente.

A observação foi feita ao se medir como a luz de quasares distantes é afetada à medida que viaja pelo espaço. Quasares são os núcleos brilhantes de galáxias muito distantes. As imagens do Hubble mostram que a luz dos quasares é distorcida e ampliada pela gravidade de galáxias massivas em primeiro plano, em um efeito chamado lente gravitacional.

Os astrônomos usaram esse efeito de lente para detectar pequenos aglomerados de matéria escura – os menores já vistos até então. Esse resultado confirma uma das previsões fundamentais da teoria da “matéria escura fria”, que é amplamente aceita pela comunidade científica, e diz que a matéria escura é feita de partículas lentas, ou “frias”, que se juntam para formar estruturas que variam de centenas de milhares de vezes a massa da Via Láctea a aglomerados não mais massivos que o peso de um avião comercial.

As concentrações de matéria escura detectadas pelo Hubble são dez mil a cem mil vezes menor do que a massa do halo de matéria escura da Via Láctea. Muitos desses pequenos agrupamentos provavelmente não contêm nem mesmo galáxias pequenas e, portanto, seriam impossíveis de serem detectados pelo método tradicional.

A matéria escura é uma forma invisível de matéria que compõe a maior parte da massa do universo e cria as estruturas sobre os quais as galáxias são construídas, funcionando como uma “cola” gravitacional. Os astrônomos podem detectar sua presença indiretamente, medindo como sua gravidade afeta estrelas e galáxias.

A observação do Hubble fornece novas ideias sobre a natureza da matéria escura e como ela se comporta. “A matéria escura, em escalas menores, é mais fria do que acreditávamos”, afirma a líder de pesquisa do Hubble, Anna Nierenberg. “Os astrônomos já realizaram outros testes observacionais das teorias da matéria escura, mas o nosso fornece a evidência mais forte ainda para a presença de pequenos aglomerados de matéria escura fria. Ao combinar as últimas previsões teóricas, ferramentas estatísticas e novas observações do Hubble, agora temos um resultado muito mais robusto”, completa.

Via NASA

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital