Grande mancha vermelha de Júpiter não está se desfazendo, diz físico

"Pedaços" que foram vistos se desprendendo da mancha seriam apenas tempestades menores que não se fundiram a ela
Rafael Rigues27/11/2019 19h20

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Assim como Saturno é conhecido por seus anéis, Júpiter é famoso pela “Grande Mancha Vermelha” (GRS — Great Red Spot) em seu hemisfério sul, um anti-ciclone (um ciclone que gira em sentido anti-horário) maior que a Terra que foi observado pela primeira vez há mais de 350 anos. Causada por uma área de alta pressão na atmosfera do planeta, ela é estudada há séculos e já forneceu pistas valiosas sobre sua composição.

Em meados deste ano, cientistas notaram algo incomum: a GRS parecia estar se “descamando”, com pequenas tempestades e fragmentos se separando dela e eventualmente desaparecendo. Além disso, cientistas sabem que ela vem encolhendo: em 2004 ela tinha metade do tamanho de um século atrás. Será que a maior e mais duradoura tempestade do sistema solar está chegando ao fim?

Não segundo Philip Marcus, físico na University da California em Berkeley, nos EUA. Seus modelos de computador demonstram que a descamação não é um sinal de morte para a GRS. Pelo contrário, é um fenômeno climático muito natural que surge da complexa dinâmica de fluidos da atmosfera de Júpiter.

No planeta, anti-ciclones atraem outros anti-ciclones e repelem ciclones, e vice-versa. Segundo Marcus, a GRS constantemente atrai e “engole” outros anti-ciclones menores. Mas se um anti-ciclone que está sendo consumido se encontrar com um ciclone, o inverso ocorre: a direção do movimento é revertida e o anti-ciclone se afasta da GRS.

Reprodução

Imagem de Jupiter mostra um “braço” (no destaque) se desprendendo da Grande Mancha Vermelha.

Seriam estes anti-ciclones expulsos os “pedaços” que estamos vendo. Ou seja, a GRS deixou de agregar material, em vez de perdê-lo.

Além disso, Marcus contesta a ideia de que a GRS encolheu nos últimos 100 anos. Seus modelos de computador sugerem que as nuvens ao redor escondem a verdadeira dimensão e natureza do vórtice, que não teria mudado de tamanho nem intensidade desde as primeiras observações.

“Acho que, a menos que algo cataclísmico aconteça em Júpiter, a GRS durará por um tempo indefinido até que a corrente de jato mude — provavelmente séculos”, disse Marcus.

Fonte: Ars Technica

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital