Astrônomos detectaram o brilho remanescente de uma explosão de raios gama (SGRB) ocorrida em uma galáxia a 10 bilhões de anos-luz da Terra. A observação corresponde ao segundo registro mais distante de uma SGRB já documentado e pode ajudar cientistas a estudarem a dinâmica do universo em sua fase “adolescente” – ou 3,8 bilhões de anos após o Big Bang.

As erupções de raios gamas configuram um dos fenômenos mais intensos do universo. Segundo cientistas, elas podem ser até um quintilhão de vezes mais brilhantes do que o Sol. A origem dessas explosões é associada a colisões de estrelas de nêutrons – corpos supermassivos formados a partir do núcleo colapsado de uma grande estrela.

Os registros de SGRB por telescópios, porém, são extremamente raros, uma vez que os brilhos remanescentes da explosão desaparecem em poucas horas. Além disso, os sinais são muito tímidos, o que dificulta ainda mais a observação.

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Para captar a nova explosão, os astrônomos contaram com um pouco de sorte e agilidade. Batizado de SGRB181123B, o evento foi detectado pela primeira vez pelo Observatório Neil Gehrels Swift, administrado pela Nasa, em novembro de 2018. Em poucas horas, cientistas acessaram remotamente o telescópio Gemini Norte, localizado no Havaí, e fizeram medições para registrar o fenômeno.

Reprodução

O brilho remanescente capturado pelo telescópio Gemini North marcado com um círculo. Imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/

Na sequência, a equipe recorreu ao espectrômetro de infravermelho próximo presente no observatório Gemini Sul, no Chile. Ao analisar o espectro da galáxia correspondente ao SGRB, os pesquisadores determinaram que o evento ocorreu há pelo menos 10 bilhões de anos. Todo o processo foi relatado em um artigo publicado nesta terça-feira (14) na revista Astrophysical Journal Letters.

“Com os SGRBs, você não detectará nada se chegar tarde demais. Mas, de vez em quando, se você reagir com rapidez suficiente, conseguirá uma detecção realmente bonita como esta”, disse Wen-fai Fong, autora sênior do estudo e astrofísica associada a Universidade Northwestern (EUA), em nota publicada no EurekAlert.

Aplicações

Após a distância da explosão de raios gama, os astrônomos iniciaram estudos sobre as populações de estrelas da galáxia que produziu o evento e puderam analisar a fusão de estrelas de nêutrons durante o período “adolescente” do universo.

“Encontrar um SGRB neste momento da história do universo sugere que, no momento em que o universo estava formando muitas estrelas, o par de estrelas de nêutrons [que provocou a explosão] pode ter se fundido rapidamente.”, afirmou Fang.

Já Kerry Paterson, autora principal da pesquisa, acredita que o estudo trata ainda de uma pequena porção dos vários mistérios que ainda cerca as explosões de raios gama distantes. “Isso nos motiva a continuar estudando os eventos passados ​​e a examinar intensamente os futuros”, afirma em artigo do EurekAlert.

Fonte: CNET/EurekAlert