Estudo dá pistas do porquê tomamos decisões idiotas

As incertezas da mecânica quântica podem explicar como os seres humanos ainda fazem escolhas erradas, mesmo sabendo do resultado
Renato Mota29/01/2020 19h06

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Por que todos fazemos decisões estúpidas? Essa é uma pergunta que aflige a humanidade desde tempos imemoriais. A história está coalhada de pessoas que fizeram a escolha errada, mesmo quando as consequências são óbvias. A ciência pode ter uma explicação para isso na chamada cognição quântica.

A proposta foi feita por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e utiliza conceitos de incerteza que guiam as teorias da mecânica quântica. Os pesquisadores adotaram um paradigma de solução de problemas chamado “aprendizado por reforço quântico” (quantum reinforcement learning, ou QRL), que é baseado em uma técnica usada no desenvolvimento da psicologia e da inteligência artificial chamada “aprendizado por reforço clássico” (classic reinforcement learning, ou CRL).

O aprendizado por reforço clássico é um conceito simples, que serve para bebês ou robôs, e envolve recompensa e punição. A ideia é recompensar pelo êxito ao concluir uma tarefa e punir quando o contrário. Nesse cenário, só existem duas opções: certo e errado.

A aprendizagem por reforço quântico envolve um agente quântico interagindo com um ambiente clássico, a fim de ajustar seus parâmetros por meio de recompensa ou punição. Como as decisões são modeladas pela incerteza que existe no universo quântico – você nunca pode realmente prever o resultado de um evento no nível quântico – as previsões criadas usando a QRL mais robustas do que as criadas usando a CRL.

Para provar seu ponto, os pesquisadores submeteram cobaias humanas a exames de ressonância magnética enquanto jogavam um jogo conhecido como “Iowa Gambling Task”. Ele foi desenvolvido para determinar com que facilidade os participantes aprendem com seus erros. Os jogadores recebem quatro baralhos de cartas e são solicitados a comprar uma carta de qualquer baralho que escolherem, e dependendo do valor da carta que perderem ou ganharão “dinheiro” no jogo.

Alguns dos decks são “ruins” e tiram dinheiro dos jogadores se eles continuarem a sacar. Outros são “bons” e recompensam os jogadores que continuarem sacando. A maioria dos jogadores tende a comprar algumas cartas de cada baralho até chegar perceber a diferença. No entanto, muitos estudos mostraram ao longo dos anos, que os participantes com histórico de dependência ou atividade cerebral anormal tendem a tomar as decisões “erradas” com mais frequência.

Com essas informações, os pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China compararam modelos de probabilidade baseados na QRL sobre a CRL e perceberam seus benefícios. As varreduras do cérebro dos participantes “saudáveis” eram melhores do que as os dependentes (no caso, fumantes de cigarro), como previram os modelos QRL.

O resultado reforça a ideia de que a “cognição quântica” explica melhor o comportamento humano e a tomada de decisão do que os modelos de probabilidade binária. E se a melhor maneira de medir e prever o comportamento humano usa modelos quânticos de aprendizagem, faz sentido que a própria cognição humana seja quântica.

Via: The Next Web

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital