A Mars One Ventures — companhia que prometeu levar centenas de pessoas para viver (e morrer) no planeta vermelho — está falida, de acordo com notícias do mercado financeiro na Suíça. O desfecho não é inesperado. Muitos especialistas suspeitaram de que se tratava de farsa, uma vez que a empresa usava o desejo da população de ir ao espaço sem nunca ter traçado um plano real para isso.
O fracasso veio à tona no final da semana passada, — graças ao Reddit, que deu o furo ao localizar um aviso da falência da companhia em um site da cidade de Basel, na Suíça, sede da Mars One. A fonte indicou que o fato foi declarado pelas autoridades locais no dia 15 de janeiro deste ano. Bas Lansdorp, fundador da empresa, confirmou a notícia ao Engadget e alegou estar “buscando uma solução”. Ele disse também que um dos braços da Mars One, a Mars One Foundation, que fica na Holanda, está vivo, mas não tem dinheiro suficiente para os investimentos necessários.
A Mars One passou por maus bocados graças aos seus duvidosos planos de mandar pessoas para Marte, onde supostamente viveriam o resto de suas vidas. A companhia prometia aos aspirantes a astronautas que os enviaria para Planeta Vermelho para iniciar seu primeiro assentamento humano, mas que não os traria de volta à Terra, já que não tinham tecnologia que fizesse essa viagem de volta. Depois de receber inúmeras inscrições de todos os cantos do mundo, eles selecionaram 100 candidatos que poderiam ser os primeiros a embarcar na aventura. Entre estas 100 pessoas estava Sandra Maria Feliciano Silva, uma brasileira que, na época da seleção, tinha 51 anos.
A escolha de pessoas como Sandra e outras, fora do perfil esperado para um astronauta interessado em colonizar Marte, fez com que o processo seletivo da Mars One fosse bastante criticado ao longo dos anos. A empresa afirmou ter juntado ao menos 200 mil inscrições para participar do projeto, mas isso nunca foi provado em uma investigação do veículo Matter.
Além disso, a Mars One nunca fabricou nenhum hardware aeroespacial, mas afirmou que compraria e forneceria todo o equipamento necessário para a criação de um reality show. A intenção era mostrar toda a preparação dos candidatos para a missão — que poderia custar centenas de bilhões de dólares, segundo especialistas.
Em 2014, dois estudantes graduados no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) fizeram um relatório sobre a viabilidade dessa missão. O resultado? Além da tecnologia disponível não ser madura o suficiente, muito mais dinheiro e peças de reposição seriam necessárias para seu êxito.
A agenda da Mars One sempre sofria alterações. A companhia afirmava que levaria uma série de missões robóticas para Marte para melhorar o hardware e os suprimentos antes que os humanos de fato chegassem ao planeta. Essas missões deveriam começar em 2018, mas foram adiadas para a metade dos anos da década de 2020 —o primeiro grupo de 4 indivíduos pousaria no planeta vermelho em 2031.
Em 2016, a Mars One Ventures foi adquirida pela empresa suíça InFin Innovative Finance — seu site não aparece mais ativo e sua última atualização remonta a 10 de julho de 2018, quando anunciou um acordo de investimento com uma empresa suíça chamada Phoenix Enterprises.