Radiação espacial pode fazer Nasa repensar missão a Marte

Cientistas de universidades norte-americanas alertam para as potenciais consequências das viagens espaciais, como distúrbios cognitivos e neurológicos
Redação08/08/2019 19h08, atualizada em 08/08/2019 20h50

20190808035955

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma pesquisa liderada pelo neurobiólogo Charles Limoli estudou os efeitos da radiação espacial em um cérebro vivo. O experimento inédito contou com a participação de cientistas de diversas universidades norte-americanas. Os resultados não são um bom prenúncio para a ‘missão Marte’ planejada pela Nasa.

O estudo envolvia usar uma instalação de irradiação de nêutrons para expor os ratos de laboratório aos mesmos níveis de radiação que eles experimentariam no Espaço. De acordo com um artigo publicado pelos pesquisadores, foi descoberto que a exposição a uma taxa baixa de radiação já produz “graves complicações neurocognitivas associadas à neurotransmissão debilitada”. Exposições crônicas (de 6 meses) a baixas doses levam a maiores complicações, como a “diminuição da excitabilidade neuronal do hipocampo e a interrupção a longo prazo da potência hipocampal e cortical.”

Além disso, o artigo explica que “os camundongos apresentaram graves distúrbios em aprendizado e memória, e na emergência de comportamentos de desgaste. Análises comportamentais mostraram um aumento alarmante no risco associado a essas simulações realistas, revelando pela primeira vez alguns problemas potenciais associados à viagem espacial profunda em todos os níveis da função neurológica.”

O problema não pode ser ignorado

O declínio cognitivo relacionado às viagens espaciais é um grande problema para os seres humanos, porque, ao que tudo indica, ele é permanente. Depois que o astronauta norte-americano Scott Kelly passou 340 dias no espaço a bordo da Estação Espacial Internacional, seus testes também mostraram perdas nas habilidades cognitivas.

De acordo com a pesquisa, há grandes chances de um em cada cinco astronautas que viajarem pelo espaço profundo por um longo período experimentar sintomas semelhantes aos da ansiedade, enquanto um em cada três sofreria perda de memória. Esses dados “sugerem que a incidência de graves deficiências no aprendizado e na memória e o surgimento de comportamentos de desgaste podem ocorrer em uma porcentagem inaceitavelmente alta de astronautas”.

Isso não significa, porém, que os planos para Marte serão cancelados. Limoli afirmou à CNN que a Nasa está trabalhando em sistemas avançados de blindagem e soluções farmacológicas para proteger os criadores do espaço no futuro. Por enquanto, parece que transportar humanos com segurança ao Planeta Vermelho pode ser um desafio mais difícil do que se pensava inicialmente.

Fonte: The Next Web

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital