Cratera mais antiga da Terra tem mais de 2,2 billhões de anos

Um meteoro de 7 km de largura caiu no que hoje é a Austrália - mas que na época, uma das Eras do Gelo terrestres, era coberta por uma camada de 5 km de gelo
Renato Mota21/01/2020 22h56

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Cientistas identificaram a mais antiga cratera de impacto conhecida na Terra: Yarrabubba, com 70 quilômetros de largura, fica na Austrália e tem 2,229 bilhões de anos (com uma margem de erro de 5 milhões de anos, para mais ou para menos). Com a datação, ela passa em 200 milhões de anos a antiga campeã, Vredefort Dome, de 300 quilômetros de largura, que fica na África do Sul.

Yarrabubba ainda pode nos ajudar a compreender como a Terra emergiu de uma das suas Eras do Gelo. “A idade do impacto coincide com o desaparecimento de uma série de glaciações antigas”, afirma um dos co-autores do estudo, publicado na Nature, Nicholas Timms, professor da Escola de Ciências Planetárias e da Terra da Universidade Curtin, na Austrália.

“Após o impacto, os depósitos glaciais estão ausentes no registro rochoso por 400 milhões de anos”, explica Timms, que sugere que o impacto influenciou o clima global.

Para datar a cratera, pesquisadores medições de anomalias magnéticas na região e coletaram rochas afetadas pelo impacto. Em particular, amostras de rochas que contêm dois minerais: zirconita e monazita. Os minerais são cristais que contêm urânio e chumbo, cuja proporção pode ser medida para determinar a idade da rocha. A equipe de pesquisa usou um microscópio eletrônico para observar cristais derretidos pelo impacto do meteoro e mediram o urânio e o chumbo nesses cristais para calcular sua idade: 2,229 bilhões de anos.

Encontrar crateras tão antigas não é um trabalho nada fácil, uma vez que muitas foram enterradas quando as placas da crosta terrestre mergulharam umas nas outras ao longo das Eras. Isso sem contar o desgaste pelo vento e pela água. “Yarrabubba nem parece mais uma cratera”, afirma Timmons Erickson, do Johnson Space Center da NASA.

A Terra era bem diferente na época do impacto. A fotossíntese das cianobactérias havia começado a bombear grandes quantidades de oxigênio na atmosfera, e o planeta estava saindo de um congelamento profundo. Para os cientistas, os dois eventos – e a queda do meteoro, poderiam estar conectados.

Utilizando modelos para simular o impacto, os pesquisadores chegaram num objeto que deveria ter 7 km de largura, que caiu numa paisagem coberta por uma camada de gelo que variava de 2 a 5 km de espessura. O choque teria vaporizado instantaneamente entre 95 e 240 quilômetros cúbicos de gelo. Com isso, entre 90 trilhões a 200 trilhões de quilos de vapor de água, um potente gás de efeito estufa, foram lançados na atmosfera.

Via Space.com/NASA

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital