Conheça a cientista brasileira que trabalha na NASA

Redação08/03/2018 18h37, atualizada em 08/03/2018 19h00

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Nos últimos anos, a NASA vem investindo cada vez mais na igualdade de gênero entre os seus funcionários. Em 2016, por exemplo, pela primeira vez, a agência espacial formou uma equipe de astronautas na qual 50% eram mulheres.

O que poucos desconhecem é que as mulheres já fazem parte da exploração espacial há muito tempo. A brasileira Rosaly Lopes, pesquisadora no JPL, o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, é um exemplo disso. Ela trabalha na agência há mais de vinte anos e é responsável pela descoberta de dezenas de vulcões espalhados pelo espaço.

Mas a verdade é que carreira da astrônoma, geóloga planetária e vulcanóloga começou com um sonho de criança: ser astronauta. “Cresci com o programa Apollo e a corrida à lua, então, desde uns seis anos de idade eu queria ser astronauta”, afirma a pesquisadora. “Como era brasileira, mulher e muito míope resolvi, uns anos depois, estudar astronomia”.

Quando completou 18 anos, Rosaly saiu do Rio de Janeiro para estudar astronomia na Universidade de Londres, porque no Brasil não tinha oportunidades na área que ela queria seguir. Se formou em 1978 com honras, sendo que durante seu último semestre ela fez um curso de ciência planetária com o geólogo especialista em vulcões John Guest.

Em seu doutorado, a pesquisadora se especializou em geologia e vulcanologia planetária. Ela terminou o seu Ph.D. em ciência planetária em 1986 com uma tese que comparava os processos vulcânicos em Marte e na Terra. Depois disso, trabalhou por um tempo no Old Royal Observatory, em Greenwich.

Em 1989, a NASA estava recrutando cientistas para atuarem como pesquisadores residentes no JPL. “Os estrangeiros que entram para o JPL, em geral, têm que ter um Ph.D., porque precisam provar que um norte-americano não poderia fazer aquele trabalho, então os estrangeiros precisam ser muito especializados”, explica Rosaly sobre o processo de admissão do laboratório da agência espacial.

Desde então, ela teve a oportunidade de trabalhar em diversos projetos, como a Missão Galileu, que lançou uma sonda para estudar Júpiter. Ela foi responsável pelas observações da lua vulcânica Io, de Jupiter, entre 1996 e 2001, e descobriu 71 vulcões ativos. O feito foi tão importante, que ela entrou para a edição de 2006 do Guinness Book of World Records.

A astrônoma também costuma deixar uma marca do Brasil no espaço. Durante os trabalhos em Io, ela sugeriu à União Internacional de Astronomia, órgão encarregado de nomear os acidentes geográficos de outros planetas, que batizasse dois dos vulcões da lua com os nomes de Tupan e Monan, que são deuses da mitologia indígena brasileira. “Eu agora faço parte do comitê de nomenclatura, mas um pesquisador que precisa de um nome para um acidente geográfico em um planeta ou lua pode sugerir o nome que achar apropriado”.

Recentemente, Rosaly trabalhou como membro do Projeto Cassini, no qual estudou a geologia de Titã, a maior lua de Saturno e que possui vulcões de gelo.

Sobre o papel das mulheres na área ciência, Rosaly acredita que quanto mais mulheres trabalhando no campo da ciência, mais meninas vão ser inspiradas. “As meninas precisam entender que para seguir uma carreira em ciência não importa se é uma mulher. Acho que todos devem seguir sua paixão. Para ser cientista, você precisa ser apaixonado pela matéria”, afirma a pesquisadora. “Vá em frente e não se preocupe em ser mulher. Se alguém tem preconceito o problema é dele, não seu”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital