Encontrar planetas orbitando estrelas muito distantes do nosso Sistema Solar já não é novidade. Milhares dos chamados “exoplanetas” já foram catalogados por observatórios ao redor do mundo, e muitos deles se parecem com a Terra.
Mas uma equipe de pesquisadores europeus conseguiu encontrar algo realmente inédito no ramo da astronomia: evidências de um planeta ainda em estágio inicial de formação, na órbita de uma estrela localizada a 370 anos-luz da Terra, publicadas no jornal Astronomy and Astrophysics.
Planetas são formados em discos de poeira, pedras e gás – os chamados “discos protoplanetários” – que se surgem no entorno de uma estrela recém-nascida. No caso, a PDS 70, que fica na constelação de Centauro, tem menos de 10 milhões de anos.
O disco protoplanetário orbitando a PDS 70 era uma hipótese estudada desde 1992. Sua existência foi confirmada em 2006, mas só agora cientistas usando instrumentos do VLT, um campo de telescópios gigantescos no Chile operados pelo Observatório Europeu do Sul, conseguiram detectar um planeta dentro do disco.
O instrumento utilizado na descoberta se chama Sphere. Ele é capaz de não só fotografar planetas distantes como também de gerar uma caracterização espectroscópica e polarimétrica de exoplanetas, como a imagem que se vê no topo deste texto.
Foi usando o Sphere que os cientistas puderam detectar um ponto no meio do disco protoplanetário em que a luz da estrela PDS 70 era interrompida, deixando um rastro de vácuo em meio à poeira e aos gases da região. Evidência suficiente de que se trata de um planeta em formação.
Os estudos da equipe do ESO indicam que o planeta tem de duas até 17 vezes a massa de Júpiter, sua superfície tem cerca de 1.100 graus Celsius de temperatura e ele deve ter apenas 5,4 milhões de anos. Hominídeos já caminhavam sobre a Terra quando este planeta começou a nascer.
A distância entre o planeta recém-nascido e sua estrela é 22 vezes maior que a distância entre a Terra e o Sol. Ele leva 118 anos (em tempo terráqueo) para dar uma volta completa em torno da PDS 70. Segundos os astrônomos que fizeram a descoberta, porém, há muito o que aprender sobre este novo exoplaneta.
“A medição do espectro nos dá uma visão sobre como são as atmosferas planetárias num estágio inicial de vida”, disse Miriam Keppler, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, que participou da descoberta, ao Gizmodo. “Isso é muito importante para calibrarmos modelos teóricos que preveem as propriedades dos planetas à medida em que eles evoluem.”