Cientistas estudam usar ímã gigante para proteger a Terra de erupções solares

Redação20/10/2017 13h37

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Dois cientistas da Universidade de Harvard publicaram recentemente um estudo detalhando uma maneira de proteger a Terra de uma das ameaças mais inevitáveis que nosso planeta enfrenta: erupções solares. No estudo, os pesquisadores explicam que seria possível usar uma espécie de “ímã gigante” para proteger o planeta de feixes de partículas carregadas que vêm periodicamente do Sol.

Erupções solares são explosões que acontecem na superfície da estrela, e que liberam grandes quantidades de radiação na forma de partículas carregadas e ondas eletromagnéticas, como luz, raios-X e raios gama. Um evento desse tipo aconteceu em 1859, e derrubou todo o sistema de telégrafos do mundo; alguns operadores chegaram a tomar choque, e alguns equipamentos pegaram fogo.

Mas como o mundo hoje em dia tem muito mais tecnologia, os riscos de uma erupção solar são ainda maiores. Em 2012, de acordo com a Universidade de Berkeley, a Terra quase foi atingida por um desses eventos; se isso tivesse ocorrido, os danos causados poderiam ter chegado a mais de R$ 8,2 trilhões.

Avi Loeb, um dos cientistas que escreveram o estudo, disse à New Scientist que hoje em dia esse valor poderia superar os R$ 31 trilhões em danos a redes elétricas, satélites e outros sistemas de telecomunicações. O dinheiro, porém, nem é o mais grave: “Uma erupção desse tipo poderia desativar (…) todos os sistemas de refrigeração dos reatores nucleares”, diz Loeb.

Plano ousado

Para evitar esse problema, Loeb e Manasvi Lingam propuseram a criação de um defletor magnético de grandes proporções (um “ímã gigante”) que poderia ser posicionado entre o Sol e a Terra. Esse equipamento agiria como um escudo para repelir as partículas e radiações perigosas quando outra erupção solar dessa magnitude ocorresse.

Numa entrevista ao Digital Trends, Lingam disse que “a ideia básica é colocar um ciclo de corrente entre o Sol e a Terra que oferece campo magnético suficiente para repelir as partículas carregadas que vêm do Sol”. Lingam acredita que essa criação “parece realizável mesmo dentro dos limites da nossa tecnologia atual, embora represente, sem dúvida, uma tarefa custosa”.

“Tarefa custosa”, no entanto, talvez não seja uma expressão suficiente para ilustrar o tamanho do investimento necessário. Segundo o estudo, a construção pesaria cerca de 100 mil toneladas – aproximadamente o peso de um navio de carga. Construí-la e enviá-la ao espaço exigiria um investimento de US$ 100 bilhões, que é aproximadamente o mesmo valor investido na criação da Estação Espacial Internacional.

Alternativas

Faz sentido então que, antes de se comprometer com um plano dessa magnitude, as instituições estudem outras possibilidades. Essa é a opinião de Greg Laughlin, um astrofísico da Universidade de Yale, que também foi ouvido pela New Scientist. Laughlin considera que a tecnologia da Terra poderia, por exemplo, ser melhor protegida, “criando escudos eletromagnéticos nela, colocando-a no subterrâneo ou tendo sistemas de back-up”.

Por esses motivos, o astrofísico da Yale considera que “direcionar recursos para construir um circuito de fios no espaço não seria a melhor maneira de gastar dinheiro” – ao menos no sentido de proteger a Terra de erupções solares. No entanto, ele também avalia que “pensar mais sobre como as erupções solares acontecem e entender melhor como o Sol se encaixa entre seus pares seria um esforço muito valioso”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital