Cientistas desvendam causa de misterioso e antigo sinal no céu do Japão

Aparição de um "leque vermelho" no céu há 1.400 anos é um dos registros astrônomicos mais antigos na história do país
Rafael Rigues02/04/2020 14h49, atualizada em 02/04/2020 14h52

20200402115336

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Em 30 de dezembro de 620, um estranho fenômeno aconteceu no Japão. Registros da época mencionam um “sinal vermelho” no céu, com a forma da “cauda de um faisão”. Mil e quatrocentos anos depois, usando conhecimento moderno sobre fenômenos atmosféricos, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Polar do Japão finalmente descobriram a causa da aparição.

Uma das possibilidades seria a passagem de um cometa, mas os cientistas descartaram a hipótese. Rastros de cometas não são vermelhos, e a probabilidade de um cometa passando sobre o Japão na época é baixa.

A outra possibilidade era um tipo de aurora boreal. Embora geralmente sejam verdes, elas podem aparecer em outras cores, incluindo o vermelho, dependendo de quais elementos na atmosfera terrestre estão interagindo com as partículas carregadas emitidas pelo Sol.

Os pesquisadores encontraram outros registros mais recentes da observação de fenômenos com a forma de um “leque” e um tom avermelhado no Japão, o que deu força à teoria.

Além disso, mapearam a mudança no campo magnético da Terra e descobriram que na época o Japão ficava numa latitude magnética de 33º norte, contra os 25º norte atuais. E quanto mais alta a latitude, maior a probabilidade de uma aurora.

Somando tudo isso, os pesquisadores concluíram em seu artigo que o fenômeno, um dos mais antigos registros astronômicos na história do Japão, foi uma Aurora Boreal incomum.

“Este é um interessante e bem-sucedido exemplo de como a ciência moderna pode se beneficiar das emoções evocadas nos japoneses antigos quando uma surpreendente aparição nos céus fez com que se lembrassem de um pássaro familiar”, disse Ryuho Kataoka, um dos autores do estudo.

Fonte: Space.com

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital