Astrônomos da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, anunciaram a descoberta de um novo tipo de buraco negro, muito menor do que os já encontrados. Isto muda o que sabemos sobre as condições necessárias para sua formação e evolução, e pode mudar também nossa compreensão sobre nosso universo.
Buracos negros são formados quando uma estrela “implode” sob sua própria gravidade. Até agora, cientistas acreditavam que se a estrela tem uma massa entre 1,4 e 3 vezes a massa do Sol, ela se torna uma estrela de nêutrons, uma estrela super densa com toda sua massa concentrada em um objeto com diâmetro entre 10 a 25 Km.
Mas se a massa for mais de 3 vezes a do Sol, a estrela se torna um buraco negro, que concentra toda sua massa em um ponto infinitesimal. A atração gravitacional exercida é tão grande que nada escapa deste ponto, nem a luz.
Em meados de 2017 o observatório LIGO em Washington, EUA detectou a fusão de dois grandes buracos negros, um com 31 e outro com 25 vezes a massa do Sol. Isso inspirou Todd Thompson a pensar do que haveria do “outro lado” da escala. Quais seriam os menores buracos negros possíveis?
Thompson e sua equipe decidiram analisar dados do APOGEE, o Apache Point Observatory Galactic Evolution Experiment (Experimento de Evolução Galáctica do Observatório Apache Point), que analisou o espectro luminoso de 100 mil estrelas na Via Láctea. A idéia era descobrir quais delas davam sinais de estar orbitando ao redor de outros objetos, como outras estrelas, no que é conhecido como um sistema binário.
Refinando os dados, a equipe chegou a uma estrela gigante vermelha chamada 2MASS J05215658+4359220 que parecia estar orbitando “algo”, mas este “algo” não emitia luz ou raios-x e era muito menor do que os buracos negros conhecidos na Via Láctea, mas muito maior que a média das estrelas de nêutrons. Após mais análises, a equipe chegou à conclusão de que havia descoberto um buraco negro com apenas 3,3 vezes a massa do Sol, um dos menores já encontrados. Buracos negros conhecidos tem ao menos 5 vezes a massa do Sol.
O cientista ressalta a importância da descoberta com uma analogia: “imagine que você está fazendo o censo de uma população, mas registra apenas os dados das pessoas com mais de 1,75m de altura. Na verdade, imagine que os recenseadores sequer sabem que pessoas mais baixas existem. Os dados deste censo seriam incompletos, mostrando um panorama impreciso da população. É isso o que vinha acontecendo com a pesquisa sobre buracos negros”.
De acordo com o pesquisador, a descoberta pode redefinir a forma como analisamos o ciclo de vida de uma estrela. “Se pudermos revelar uma nova população de buracos negros, isso pode nos dizer mais sobre quais estrelas explodem, quais não explodem, quais se tornam buracos negros, quais se tornam estrelas de nêutrons. Isso abre toda uma nova área de estudos”.
Fonte: Phys.org